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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

Notícias | Educação

Calouro é obrigado a beijar fígado de boi durante trote em SP

Calouros do curso de medicina da UMC (Universidade de Mogi das Cruzes) foram submetidos a um trote em que eram obrigados a beijar um fígado de boi e ficar diante de uma cruz para serem atingidos por ovos e catchup. Alguns também levaram tapas e cusparadas. A Polícia Civil investiga o caso.


Praticado por veteranos do curso, o trote ocorreu num sítio em Mogi das Cruzes (Grande SP) na segunda-feira passada e foi revelado anteontem pelo "Fantástico", da Rede Globo.

No sítio, cerca de 400 estudantes promoviam um churrasco com a participação de veteranos e 80 dos 100 calouros. As imagens da TV mostram um rapaz com um fígado na cabeça levando uma cusparada de cerveja no rosto. Os veteranos estavam todos de uniforme laranja.

"Se chorar, vai ser pior" foi o tema do trote aos calouros de medicina. A inscrição está em um muro da rodovia Mogi-Dutra, que dá acesso à cidade.

Uma aluna presente no sítio disse à Folha que trotes como aquele ocorrem todos os anos. Jogar catchup e ovo, disse ela, "toda faculdade faz". Outros estudantes disseram que os calouros assinaram um termo se responsabilizando pelo que ocorresse. O centro acadêmico negou relação com o trote.

O caseiro do sítio, Djalma Félix dos Santos, 52, afirmou ter presenciado brincadeiras com farinha, ovos, catchup e mostarda. Ele disse que policiais militares passaram pelo local e viram alunos jogando cerveja uns nos outros. Ouviram se tratar de brincadeira e partiram.

Ninguém procurou a polícia para registrar ocorrência. Com base nas imagens, porém, a polícia vai apurar possível crime de constrangimento ilegal, cuja pena vai de três meses a um ano de detenção ou multa. Os envolvidos terão de depor.

A universidade abriu sindicância para apurar a responsabilidade dos alunos. Uma das penas previstas é expulsão. Antes da festa, a UMC chegou a contratar agentes à paisana para tentar identificar autores de trote no campus. Em março de 1980, um calouro de medicina da mesma universidade morreu após um trote. Ele resistiu ao corte de cabelo e foi agredido com socos e pontapés.

Em Mogi, o trote estudantil é vetado por lei municipal. Para que haja uma medida, porém, é preciso haver denúncia.

Para o médico Augusto Scalabrini, consultor de residência do Sírio-Libanês e professor da Faculdade de Medicina da USP, o trote é "reflexo de uma sociedade violenta". "Sou a favor de acabar com essa bobagem." Scalabrini, 57, diz que quando fez medicina, na década de 1970, as brincadeiras eram mais inocentes --os calouros eram pintados e tinham de "matar formiga a grito".
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