O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que a intenção do governo brasileiro com a divulgação da lista de retaliação a produtos norte-americanos não é brigar com os Estados Unidos, e sim fazer valer as determinações da OMC (Organização Mundial do Comércio).
"O Brasil não tem interesse em brigar com os Estados Unidos, mas quer que eles obedeçam à OMC", disse o presidente durante evento de inauguração de uma usina termelétrica da Petrobras em Cubatão (SP).
Lula explicou que o Brasil vinha lutando há sete anos contra os subsídios do governo americano aos produtores de algodão do país. Esse benefício, segundo ele, prejudica os "pobres países africanos" que não têm a tecnologia de produção dos países desenvolvidos.
"O Brasil ganhou na OMC, e então os EUA teriam que parar com os subsídios. Mas eles não pararam. Então a OMC permitiu que o Brasil criasse dificuldades para os produtos americanos", disse. "O que estamos fazendo não é retaliação, estamos dizendo aos Estados Unidos que não importa o tamanho de cada um de nós, somos todos nações e queremos ser respeitados."
Lula fez um apelo ao presidente norte-americano, Barack Obama, para que coloque seu pessoal para negociar rapidamente o assunto. "Cumpram com suas obrigações e nós cumprimos com as nossas", disse.
Ele afirmou que está na hora de dar uma chance para os pequenos produtores africanos para que entrem nos mercados americano e europeu. "Assim, teríamos um comércio mais justo, e um mundo melhor."
O Brasil divulgou na segunda-feira a lista definitiva de produtos norte-americanos cuja importação deverá ser sobretaxada em retaliação aos subsídios pagos pelo governo dos Estados Unidos à produção local de algodão.
A lista tem cerca de 100 itens entre frutas --como pêras, cerejas e ameixas-- sucos, produtos de higiene e maquiagem, plástico, algodão preparado, equipamentos industriais, aparelhos de som, veículos, óculos e escovas de dente. Sobre todos esses produtos incidirão alíquotas de importação que variam de 12% a 100% do valor.
Em agosto do ano passado, a OMC autorizou o Brasil a aplicar sanções aos EUA até o limite de US$ 830 milhões --sendo até US$ 560 milhões em bens e produtos e o restante sobre serviços e propriedade intelectual.