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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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Plenária pede que a UFMT desista do Enem como meio único

O vice-reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Francisco Souto, vai levar à reitora Maria Lúcia Cavalli Neder o pedido feito pela plenária, que debateu hoje durante toda a tarde sobre os reflexos do Enem como meio único de ingresso na UFMT, para que ela reconsidere e a UFMT volte ao modelo anterior de seleção, ou seja, com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) valendo 20% no ingresso.


Ele também está incumbido de levar informações sobre tudo o que foi dito no debate a uma comissão formada dentro do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) para analisar o Enem.

O debate - “Enem: solução ou mais crise na educação?” - foi convocado pela Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat), diante das mais de mil vagas ociosas na instituição, que historicamente tem sido a mais requisitada do Estado.

“Poderíamos resolver isso numa Assembléia Universitária. O Estatuto da UFMT determina que a reitoria convoque uma na primeira semana de aula. Aproveito para reiterar meu pedido, em nome da Adufmat”, cobrou o presidente da Adufmat, professor Carlinhos Eilert, ao vice-reitor.

O diretor do Colégio Master, Paulo Andrade, lamentou o caos em todo o processo. “Eu não tinha dimensão do tamanho do estrago. Agora tenho!”. Para ele, as distorções causadas pelo Enem têm motivado angústia entre os estudantes e pais. “Eu quero entender e não entendo: por que a UFMT adotou o Enem como fase única se das 55 federais do país só 15 fizeram isso?”, questionou.

Ele ainda rebateu argumentos usados por quem defende o Enem, como a questão da mobilidade acadêmica. “Qual a estrutura a universidade tem para receber os alunos de fora. De quanto é a bolsa paga por essa mobilidade aos alunos daqui para morar em outro lugar?”

O coordenador do Cuiabavest, Aquiles Nascimento, apresentou dados que causaram surpresa. O Cuiabavest é um cursinho pré-vestibular mantido pela Prefeitura de Cuiabá e tem vagas limitadas, sempre muito disputadas.

“Temos 3.500 vagas. Ano passado, tivemos 9.618 inscritos. Quando os alunos ficaram sabendo que o Enem seria meio único de ingresso na UFMT, sobraram apenas 1.800 alunos. A maioria desistiu porque entende que em um ano não é possível se preparar para a complexidade que o Enem propõe. Após o esvaziamento, voltamos a chamar e completamos as vagas. Quando houve a fraude na primeira prova do Enem, perdemos outros 48% dos alunos. E fechamos o ano com 2 mil apenas. Isso é preocupante”.

O professor Roberto Boaventura, que desde o ano passado tem sido voz insistente contra o Enem como meio único de ingresso na UFMT, disse que, com sua fala, pretendia desmontar aspectos falsos de defesa ao Enem. “Ele não é democrático e nem inclusivo, isso é uma mentira, é um vexame, que eu ainda não havia visto a UFMT passar, desde 1987, quando entrei aqui como professor”. Para ele, “os estudantes perceberam o falso discurso e protestaram, mas não foram ouvidos”.

Ele comparou as rodadas de ajuste dos aprovados a uma roleta russa ou a bolsa de valores e avisou que o modelo unificado desconsidera tendências, talentos, porque as opções são muitas e o candidato vai migrando de engenharia elétrica a letras.

Para Boaventura, “o fiasco está consumado”. Ele entende que voltar atrás é o que resta à UFMT, se não quiser “apagar as luzes” do sistema unificado, o qual já deu o primeiro grande sinal de falência, adiando o processo em julho.

O vice-reitor fez o contraponto às críticas e disse que o Enem tem pontos positivos. Que não devemos abandonar o sistema só porque ele tem ajustes a serem feitos. Disse ainda que o vestibular como era realizado precisa ser ultrapassado. Francisco Souto admitiu a existência pressa na ampliação do Enem e também acusou “o Inep” de não escutar as universidades o quanto deveria.
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