Um dos campeões de gastos com água tratada em uma residência é a descarga do vaso sanitário, podendo consumir em média 35% do total. No entanto, o reaproveitamento de água da lavagem de roupa para este fim pode representar economia de até 30% na conta de água no final do mês. Além disso, contribui também com a redução da quantidade de esgoto produzido numa residência.
Levando em consideração estes dois fatos, a Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap), em parceira com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e o Instituto de Desenvolvimento de Programas (Idep), está implantando em 40 residências de Cuiabá, localizadas no entorno da Lagoa Encantada (Estação de Tratamento de Esgoto do CPA III), um sistema de reuso da água da lavagem de roupa para alimentação da descarga do vaso sanitário.
O projeto, aprovado em dezembro do ano passado, está em fase de divulgação e será realizado com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O prazo para o sistema começar a funcionar nas residências é de dois anos.
O sistema funciona com um dispositivo eletrônico que é instalado na lavadora de roupa e pode ser ajustável em todos os modelos disponíveis no mercado. Este dispositivo foi desenvolvido pelo curso de Física da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), sob a coordenação do professor Nicolau Priante Filho. Contudo, a idéia surgiu com sua esposa, filósofa Josita Priante, ex-funcionária da Sanecap, que observou como era grande o desperdício de água tratada com a máquina de lavar roupa, chegando a gastar até 100 litros só com o enxágüe. Foi aí que Josita pensou em reaproveitar esta água para fazer descargas no vaso sanitário, pedindo ao marido que desenvolvesse o sistema.
Conforme Priante, inicialmente o sistema foi construído na casa deles (que possuem a patente) e está em funcionamento há 10 anos. “Em 2005, a ex-presidente da Sanecap, Eliana Rondon, conheceu o projeto e passou a usar a experiência na Companhia, divulgando nas comunidades, orientando e informando as famílias de como utilizar o sistema em suas casas. A partir daí começamos a estudar a possibilidade de implantá-lo nas residências. Desenvolvemos o projeto e fomos contemplados com recursos do CNPq”, informa a filósofa.
Josita Priante ressalta, que o desperdício com água tratada em uma residência pode ser muito maior do se imagina. “Em uma família com seis pessoas, cuja descarga usada é aquela com caixa de cordinha (mais popular), que tem capacidade para 10 litros de água, é gasto em média, por pessoa, 50 litros por dia. Levando em consideração que cada pessoa usa o vaso sanitário cinco vezes por dia, a família vai gastar 300 litros de água por mês somente com a descarga. Portanto, é possível economizar esta água utilizando a do enxágüe da roupa”.
O projeto “Reuso da água de lavagem de roupas” foi finalista do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, edição 2005 e foi escolhido como tecnologia social de potencial de transformação e reaplicação durante o 2º Fórum Nacional da Rede de Tecnologias Sociais (RTS), realizado em Brasília em de abril de 2009.
