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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Bancos reduzem desembolsos previstos no Plano de Safra

Mesmo com a necessidade de maior financiamento ao campo por causa da retração das tradings neste nicho e da forte aversão aos riscos de crédito, os bancos reduziram o ritmo de desembolso do orçamento previsto no Plano de Safra do governo federal. As várias medidas do governo para injetar dinheiro novo no sistema de crédito rural não impediram um recuo de 2,5% na aplicação relativa dos recursos da chamada agricultura empresarial ao longo do primeiro semestre do ano-safra 2008/09.


Em outubro do ano passado, no início da crise financeira global, o governo estimava elevar em até R$ 8,1 bilhões a oferta de crédito ao setor na atual safra. Mas o balanço parcial do ano-safra, informado pelos próprios bancos ao governo, mostra uma expansão de crédito de R$ 2,9 bilhões entre julho e dezembro de 2008. Para elevar essa oferta, o governo apostava na combinação da redução dos depósitos compulsórios (de 45% para 42%) com o aumento da parcela de aplicação obrigatória no setor (exigibilidades), de 25% para 30%. Ainda assim, o ritmo caiu.

Nas operações de custeio e comercialização da nova safra, o recuo foi ainda mais significativo: 7,2% na comparação com o primeiro semestre da safra 2007/08. Embora a demanda por crédito tenha atingido o auge neste período, os bancos emprestaram apenas R$ 1,14 bilhão adicionais. Nas operações com poupança rural, os estímulos surtiram mais efeito. A antecipação de R$ 5 bilhões do Tesouro ao Banco do Brasil elevou esses financiamentos em quase 90%. "Mas não dá para saber se foi efeito da antecipação ou recurso novo", diz o Wilson Vaz de Araújo, diretor de Economia Agrícola do Ministério da Agricultura.

O governo espera recuperar essa "perda" com o financiamento à comercialização da nova safra. "O quadro era mais dramático, mas passamos razoavelmente e não teremos dificuldades na comercialização", defende Vaz de Araújo. Ele diz a média histórica de liberações no primeiro semestre da safra oscila de 56% a 65%. Nesta, porém, está abaixo: ficou em 52,7%.

A recuperação via comercialização terá que ser acentuada porque os empréstimos com fonte nas exigibilidades bancárias recuaram 16,6% até dezembro. Foram R$ 2,8 bilhões a menos, o que denota a forte aversão ao risco, já que os bancos preferiram deixar o dinheiro sem remuneração a emprestar ao setor. "Isso não é nenhuma surpresa. Já era esperado porque as medidas do governo até agora foram paliativas", diz o diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian. A redução do compulsório, que abriria espaço para a injeção de novo recursos no sistema, foi neutralizada pela elevação das exigibilidades, de acordo com a Febraban. "Só serviu para resolver o excesso de aplicação de alguns bancos", afirma Vian.

O balanço parcial do crédito rural indica ter havido uma retração de 13,2% nos financiamentos à "classe média" dos produtores dentro do Proger Rural. A ausência dos bancos foi ainda mais sentida nos empréstimos a juros livres, cujo total recuou 7,5% até dezembro passado. Os programas de investimento sob gestão do BNDES registraram um forte avanço de 20% nos financiamentos. Mesmo em meio à crise internacional, os investimentos em máquinas (Moderfrota) avançaram 3,5% no período. As operações de desenvolvimento de cooperativas (Prodecoop) aumentaram 24%.

E os empréstimos dos fundos constitucionais do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO) quase dobraram para R$ 2,97 bilhões até dezembro, um reflexo direto do adicional orçamentário gerado pelo aumento de arrecadação tributária do governo federal. A Febraban atribui esse crescimento a uma "troca de funding", ou seja, os programas de investimento financiaram parte das operações de crédito de custeio e comercialização.
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