O novo diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, afirmou nesta quarta-feira que as principais pressões inflacionárias atualmente são o custo das commodities, dos serviços e a incompatibilidade entre oferta da produção com a demanda.

Em serviços, o diretor chamou atenção para o encarecimento da mão de obra na construção civil. O aumento dos pagamentos é repassado para os preços. Nas commodites, a maior alta foi representada pelos metais industriais, com destaque para a alta do níquel em 145% nos últimos 12 meses.

A UCI (Utilização da Capacidade Instalada) está acima da média para o período. Isso mostra que as fábricas aumentaram a produção em relação à capacidade total do parque, diminuindo a margem para incrementar a oferta de produtos no mercado de acordo com a demanda.

"Temos tido um descasamento entre oferta e demanda e isso mostra que a capacidade de oferta não está atendendo a demanda. Se a capacidade ociosa [das indústrias] não se esgotou, está em vias de [ocorrer]", apontou.

Além disso, o diretor apontou que a expectativa do mercado de crescimento de 20% para o crédito neste ano deve contribuir para a pressão da demanda de consumo, segundo o diretor.

Segundo ele, a medida tomada pelo Banco Central de retirar R$ 71 bilhões do mercado por meio do compulsório não deve ter impacto na expectativa de aumento na tomada de crédito. Ele aponta que a decisão poderá elevar o preço do crédito sem efeitos na demanda pelos financiamentos.

Juros

Hamilton não quis comentar um possível pedido do presidente Lula para adiar a elevação dos juros para abril e nem o rumo da taxa de juros para a próxima reunião do Copom, no final de abril. "O Banco Central vai fazer o que for necessário para atingir a meta de inflação", apontou.