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Sexta-feira, 17 de maio de 2024

Notícias | Informática & Tecnologia

Discretas, lan houses de linha pornô se multiplicam em SP

Antes eram as salinhas de "peep-show", onde era possível assistir a garotas tirando a roupa através de uma porta de vidro. Depois, surgiram as cabines de filmes pornográficos, com infindáveis opções de DVDs. Agora, essas salinhas trazem outra novidade: computadores com internet que dão acesso a toda uma rede pornográfica e sem risco de queda na conexão.


Esses espaços se multiplicam no centro de São Paulo --a reportagem encontrou pelo menos cinco. São locais discretos, nos quais o usuário não precisa se preocupar se algum conhecido o verá passando ao lado de um pôster gigante de Alexandre Frota ou Rita Cadillac, como em locadoras de filmes.

"Acesse a internet com privacidade", afirma a placa sobre uma porta na avenida Vieira de Carvalho, próximo à rua Aurora.

Após subir as escadas, o visitante se cadastra e escolhe uma cabine. Meia hora sai por R$ 1,50. Tem à sua disposição um computador e cadeira. Há também fones de ouvido, mas nada de papel higiênico.

Dependendo do estabelecimento, há uma cestinha de lixo, como em uma lan house da avenida Rio Branco. A higiene é uma preocupação, e o local tem até sprays para perfumar o ambiente. Não se permite entrar acompanhado. No local, meia hora vale R$ 2,50. A página inicial traz ainda um link para um chat online que traz entre as suas opções salas de sexo ou imagens eróticas.

O dono da lan house, que pediu para não ter seu nome revelado, diz que o serviço pegou. Tanto que ele começou com uma lan house nesse perfil e agora já tem quatro. "Às 19h, quando o pessoal sai do trabalho, as lojas enchem."

Segundo ele, o local é visitado por homens com mais de 25 anos, de todos os perfis socioeconômicos, desejosos de acessar sites que não podem ver quando estão em casa, onde a família pode perceber. "Aqui se sentem à vontade", afirma.

Nas duas lan houses visitadas pela Folha, os visitantes tinham à disposição webcams para compartilhar suas "atividades" com outros usuários.

"Queima filme"

Apesar de serem em número ínfimo dentro do universo de 108 mil lan houses do país --dado da Fundação Getulio Vargas--, as voltadas ao sexo prejudicam a imagem da classe, segundo o presidente do sindicato das lans de SP, Ernesto Neto.

Ele explica que o setor briga para mostrar que pode ser uma ferramenta para a universalização da banda larga no Brasil --o que o governo federal tenta viabilizar-- e que ainda luta para superar preconceitos, como o de que são lugares apenas para aficcionados de games.

As lan houses já foram muito criticadas em razão de alguns jogos como o "Counter Strike", o popular "CS", jogado em rede. É um "game" de tiroteio. Apontado como violento, pode ser considerado inocente frente à nova descoberta de algumas lan houses: o sexo.
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