As facções estão se fortalecendo por vários fatores. Um de seus pilares é logicamente o tráfico e o controle do entorpecente, pois além da venda possuem a taxa de royalties das ‘biqueiras’, possuem a mensalidade, chamada ‘camisa’ e a participação nos lucros dos grandes roubos.

E pelo azar das inúmeras operações de combate a entorpecentes, quanto mais aperta, mais encarece sua mercadoria e mais eles faturam, pois diminuem a oferta. A segunda fonte de crescimento das facções é a eterna ausência do Estado nas demais áreas críticas. Se você for hoje no bairro Jd. Fortaleza, em Cuiabá, p.ex., vai encontrar uma praça sendo reformada por uma dessas facções, enquanto a prefeitura padece com o asfalto, deixando o lazer portanto longe de ser prioridade.

O terceiro fator é um paradoxo: pelo Estado não conseguir combatê-la e ao mesmo tempo ausentar-se em outras áreas, tornou-se um socorro primário de algumas comunidades, como um refém apaixonado por seu sequestrador. Isto é, devido a entendimentos jurisprudências, doutrinários, legislativos incompreensíveis pelo homem comum, algumas comunidades passaram a confiar mais nas facções que no desdobramento policial, que no Estado.

A sociedade sabe que um feminicida quando ‘para na mão’ da facção não terá uma benevolência como a do Carlinho Bezerra; Quando há roubo em um mercadinho do bairro, não haverá perdão judicial, seja em flagrante ou a longo prazo, não prescreve, é sempre tempestivo para punir.

Como combater o inimigo do seu inimigo e que investe em suas deficiências sociais? O país carece de medidas contemporâneas para não voltar à idade medieval do olho por olho entre tribos.

Uma saída de primeiro momento seria a regularização dos entorpecentes, tirando o monopólio das facções, quebrando sua receita de forma permanente, isso combinado com políticas antidrogas massivas.

Em seguida, o endurecimento penal conjugado com menos entrelinhas interpretativas, passando credibilidade para a sociedade. No mais, são falácias utópicas, tradicionalistas que são vencidas dia a dia pelo grosso modo das facções.

Rodrigo Rocha