Olhar Direto

Quinta-feira, 02 de maio de 2024

Opinião

A difícil tarefa de ser mulher

Ultimamente tenho pensado muito como irei educar minha filha nos tempos de hoje. Estamos em um momento delicado na história da humanidade onde tudo que a mulher faz é usado contra ela.
 
Se a mulher bebe demais fica vulnerável, se coloca uma roupa curta, está provocando, se sai sozinha, está facilitando, se está em um lugar de poder ou chefia, foi amante de alguém pra chegar até lá, se passa por uma gravidez indesejada e quer abortar é assassina, se quer fazer uma entrega legal é irresponsável, se apanha, provocou e por ai vai!!! E mais uma vez me pergunto o fato de as pessoas odiarem tanto nós mulheres.
 
Mulheres tenho certeza que vocês se identificam comigo sabe porquê?
 
Porque é difícil quando não podemos escolher o que vestir sem pensar duas vezes, sem imaginar uma ocorrência de conhecidos e desconhecidos em suas roupas.
 
É difícil quando nós temos de mudar de caminho por falta de iluminação, porque tem um grupo suspeito de homens ali na frente ou, pior, porque temos medo de passar por um determinado lugar. Cadê nossa liberdade de ir e vir?
 
Só quem é mulher sabe o quanto é difícil crescer com padrões a serem. Mãe, irmã, prima, amiga, celebridade: cada uma como um objetivo inalcançável, como algo impossível de ser imitado. E ai de você se por acaso se destoar de quem está ao seu redor!
 
Perdoem a minha revolta, mas nós mulheres não temos direito nem de dar um basta em um relacionamento abusivo, sabe porquê? Porque podemos ser feridas das mais cruéis formas e tiram a nossa vida. Atualmente somos resumidas em um corpo sagrando e na maioria das vezes no meio da rua.
 
E sabe o que mais me machuca?! Mesmo diante de ações efetivas contra violência doméstica os números são alarmantes, mulheres continuam sendo abusadas, violentadas, agredidas e mortas. AHHH, mas temos a Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340 (BRASIL, 2006), um dos maiores mecanismos que foi criado para nos defender e mesmo assim vivemos em um ciclo de violência e temos nossas vidas ceifadas. Será que estamos diante de medidas que são bonitas na teoria e na prática ela falha?! TALVEZ
 
Temos uma cultura e uma história que não nos favorecem, comportamentos enraizados no nosso inconsciente, tanto das mulheres como no dos homens, que levará tempo para se desprender.
 
Enquanto isso, vamos tentando ser livres do jeito que é possível, cobrando das autoridades uma posição justa e não se calando diante de crimes, muito menos de criminosos.
 
Que um dia a mulher possa apenas SER!
 
Julia Milhomem é jornalista e prof. Oratória
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