A retenção de pacientes em sala de cirurgia devido à falta de leitos hospitalares é um problema crescente enfrentado em Cuiabá.

Ato contínuo, esta situação não apenas afeta a eficiência dos hospitais, mas também tem um impacto significativo na qualidade do atendimento ao paciente, seja na rede pública ou privada.

Quando o paciente não pode ser transferido para leito pós-operatório devido à falta de disponibilidade, ele acaba ficando retido na sala de cirurgia (preso) por períodos prolongados, e muita das vezes tendo de se alimentar lá mesmo.

É inaceitável o fato de um paciente ter que se alimentar na sala de cirurgia por ausência de leitos, o que tem sido prática recorrente, sem a devida fiscalização dos órgãos competentes.

Ressalte-se por oportuno, o desconforto e o aumento do risco de complicações pós-operatórias, e sobrecarga dos recursos hospitalares, incluindo equipes médicas, equipamentos e instalações e também, um fechar de olhos da vigilância sanitária para os Hospitais de Cuiabá.

Destaca-se o fato, além dos riscos de contaminação por pacientes terem de se alimentar em salas de cirurgia, o fato de levar a atrasos em outras cirurgias programadas eletivas, e impactar negativamente a capacidade do hospital de atender a demanda de cuidados de saúde, além de se tornar uma bola de neve incontrolável.

A permanência prolongada em sala de cirurgia expõe os pacientes a um maior risco de infecções hospitalares e complicações relacionadas à cirurgia, e deveria ser um caso isolado, mas, infelizmente não é.

Por outro lado, o Hospital pode sim ajustar as melhores práticas de sua gestão, por exemplo, otimizar o fluxo de pacientes através de implementação de protocolos de triagem mais eficientes, encaminhamentos oportunos para cuidados pós-operatórios e a colaboração com outros hospitais e centros de saúde para transferência de pacientes quando necessário.

Destarte, qualquer tipo de retenção em sala de cirurgia devido à falta de leitos hospitalares é ilegal, devendo os prejudicados tomarem medidas cabíveis para afastar esta conduta que se tornou recorrente.

Rodrigo Furlanetti é Advogado Empresarial em Cuiabá.