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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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na 22ª maual

Jovem indígena lança documentário que retrata ritual de passagem de mulheres do povo Nambikwara

Foto: Reprodução

Jovem indígena lança documentário que retrata ritual de passagem de mulheres do povo Nambikwara
A jovem indígena Suyani Terena, da Terra Indígena Tirecatinga, em Sapezal (a 473 km de Cuiabá), estreia no audiovisual durante a 22ª edição da Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina (MAUAL), que começa nesta quarta-feira (27) e vai até domingo (1º), no Teatro da UFMT. O documentário "Sawana - Rainha das Formigas", produzido por Suyani, será exibido no último dia. 

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Durante a programação da MAUAL serão exibidos 80 curtas que foram selecionados para a Mostra Competitiva e Mostra Paralela. Com filmes independentes e universitários de ficção, experimentais e documentários, a Mostra Competitiva terá sessões nesta quarta-feira (27), às 20h, na quinta (28) e sexta-feira (29), às 19h, e no sábado (30), às 17h e 19h.

Nas manhãs seguintes às exibições, às 10h, os realizadores presentes no evento se reúnem para um bate papo na Sala Névio Lotufo do Cineclube Coxiponés. Já no domingo (1º), a programação exibe Sawana - Rainha das formigas, às 19h30, e segue com a cerimônia de premiação. Todas essas exibições, que somam 45 curtas, ocorrem no Teatro da UFMT.

Já a Mostra Paralela exibe virtualmente mais 35 curtas-metragens pelo canal do Cineclube Coxiponés no Youtube e pelo site https://www.mostrauniversitariaufmt.com. Os filmes ficarão disponíveis durante o período de realização da MAUAL, de 27 de setembro a 1º de outubro.

Com recorde de inscrições de 325 filmes, a 22ª edição da MAUAL exibe produções de 17 estados brasileiros (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Amazonas, Amapá, Espírito Santo, Ceará, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte), sendo 21 filmes mato-grossenses. A participação de estrangeiros é a maior da história da Mostra e contempla curtas de outros seis países latino-americanos: Chile, Cuba, Argentina, Perú, Equador e Bolívia. 

Audiovisual indígena

A 22ª MAUAL também destaca a presença significativa de cinco curtas de realizadores indígenas, além do filme de Suyani Terena. "Assim como em outras ações que já ocorreram em edições anteriores, a partir dessa estreia, a gente estreita ainda mais os laços com o audiovisual indígena, dando continuidade a um movimento de circulação dessa produção aqui em Mato Grosso", reforça Letícia Capanema, supervisora do Cineclube Coxiponés e coordenadora da mostra.

Junto ao tradicional Troféu Maual — que este ano foi especialmente confeccionado pela ceramista Ludmila Brandão —, os vencedores da Mostra Competitiva, escolhidos em 11 categorias pelos júris técnico e popular, também receberão prêmios em serviços, bolsas de estudo, consultorias e valor em dinheiro, pela primeira vez em uma edição.

A Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina (MAUAL), realizada pelo Cineclube Coxiponés por meio da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (PROCEV/UFMT), chega à 22ª edição com o tema "Miradas e Memórias Latino-Americanas". A programação conta com painel sobre produção e distribuição audiovisual com premiados realizadores de diferentes estados brasileiros, além de shows de A Luisa Lamar e da banda Calorosa, respectivamente, na abertura e encerramento da mostra. 

Confira a programação completa: https://www.mostrauniversitariaufmt.com/programacao22maual 

MAUAL apresenta Suyani Terena 

"Sauane enfrenta muitos desafios durante sua jornada de amadurecimento. Ela luta para equilibrar as expectativas da sua cultura com as pressões da vida moderna, enquanto as ameaças à sua comunidade e ao meio ambiente aumentam. Ela também enfrenta desafios pessoais, como lidar com a mudança do seu corpo e as emoções que surgem com ela. Com o apoio de sua família e comunidade, Sauane aprende a enfrentar seus medos e a superar desafios, se conecta com suas raízes e aprende com as histórias e sabedorias dos anciãos da comunidade", conta trecho da sinopse de ‘Sawana - Rainha das formigas (MT, 2023, 30'). 

O curta documental tem direção de Suyane Terena, de 17 anos, que também assina o roteiro com Jadersom Cristiano, de 20 anos. A produção também tem participação da realizadora Diana Freixo na captação do som e na edição. Segundo Suyani, o enredo que culminará no registro do ritual da Menina Moça, tradição do povo Nambikwara, retrata um processo de passagem para a vida adulta, com a entrada na puberdade e primeira menstruação. Um ritual pelo qual ela também já passou. 

"É um acontecimento que todos celebram porque simboliza a chegada de uma nova mulher na comunidade. Eu quis registrar os sentimentos de uma menina e da sua família a partir dos relatos, porque também já passei por esse ritual e senti uma forte emoção", explica Suyane. 

A jovem integra a Organização Thutalinansu, que reúne mulheres das etnias pareci, nambikwara, manoki e terena, onde desenvolve um trabalho de comunicação. Foi pela atuação junto ao coletivo que ela chegou à MAUAL, por meio da produtora executiva da mostra, Danielle Bertolini, em sua primeira experiência com o audiovisual.

"A Danielle entrou em contato comigo para saber sobre a organização, bem na época em que eu tava editando esse filme, e me contou que trabalha com audiovisual", conta Suyani, que estará presente na exibição do filme no domingo (01/10). "É a primeira vez que eu faço um filme. Fiz porque senti a necessidade. Nem imaginava fazer, fui convidada para apresentar ele e agora to bem animada com essa oportunidade", complementa. 

'Sawana - Rainha das formigas (2023)' foi filmado nos meses de julho e agosto, na aldeia Cabeceira do Jabuti, com o apoio da Organização Thutalinansu. Segundo Suyani, a produção é mais uma ação para visibilizar a cultura das mulheres indígenas e transmitir a importância da preservação das tradições e dos saberes indígenas. A jovem também foi contemplada pelo projeto Maual Lab, laboratório de desenvolvimento de projetos audiovisuais, nova frente de atuação da mostra na 22ª edição.

A realizadora, que está finalizando o ensino médio, conta que quer cursar Cinema e Audiovisual. Portanto, sua participação na MAUAL marca um novo momento de busca por profissionalização. Além de um evento importante no circuito de exibição de curtas independentes e vitrine para a produção universitária brasileira e latino-americana, a mostra se consolida como um espaço especial na formação audiovisual de Mato Grosso. Por meio de diversas ações, tem contribuído para revelar talentos. 
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