As imagens dos protestos, que ocorreram no Rio Grande do Sul, vão ficar na memória dos produtores de leite do país inteiro. Em meados de novembro, eles ordenharam uma vaca em frente de uma agência e entregaram um balde de leite ao gerente para simbolizar o pagamento das dívidas.

Os preços foram muito bons em todo o primeiro semestre. Em janeiro, a média nacional para o litro tipo C, estava em R$ 0,66. Bem acima da média histórica para o período que é de R$ 0,52. Nos meses seguintes, o valor foi subindo até atingir o pico de R$ 0,76 no mês de junho. A partir de julho, o preço começou a cair. Em novembro, chegou a R$ 0,58, 16% abaixo de novembro do ano passado.

A produtora Sílvia Arbex tem uma fazenda de 80 hectares em juiz de fora, na zona da mata de Minas Gerais. “Com este valor que eu apuro hoje, eu consigo fechar as contas do curral, tentando administrar o máximo possível os desperdícios, no trato dos animais, na utilização de material de limpeza. Enfim, a gente tenta administrar para que a despesa do curral não sangue o orçamento”, diz Silvia Arbex, pecuarista.

A principal causa da queda no preço do leite em 2008 é o aumento da oferta. Nos últimos oito anos, a produção veio crescendo na média de 4% ao ano. O consumo aumentou apenas 1% ao ano.

Esse levantamento é do professor Sebastião Teixeira, da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Segundo ele, para escoar esse aumento de produção, os laticínios procuraram o mercado externo. A dificuldade é que o preço do leite lá fora também caiu, mas o professor Sebastião Teixeira é otimista. Ele vê uma boa perspectiva para 2009. “Eu acho que é menos alarmante do que a gente tem ouvido falar. Eu acho que o produtor, mais uma vez, vai se ajustar a esta situação e a produção não vai cair em 2009. Eu acho que ela vai crescer”, acredita Sebastião Teixeira, agrônomo.

O governo prometeu realizar leilões de compra de leite a partir de janeiro. O objetivo é enxugar o mercado e promover uma melhoria no preço ao produtor.