A China está importando do Brasil, este ano, grande volume de milho em grãos e o crescimento em relação ao ano passado – quando um milhão de toneladas foi enviado àquele país – pode ultrapassar os 600%, afirmou, em entrevista ao
Olhar Direto, o analista de mercado Steve Cachia – que é consultor de commodities da Cerealpar Corretora de Cereais.
“As estimativas da Cerealpar apontam que a China pode comprar entre sete a oito milhões de toneladas de milho brasileiro até o final do ano. Os chineses estão inserindo este cereal na sua matriz nutricional para atender uma população crescente e fez muitos contratos com o Brasil”, informou o analista.
A China é o segundo maior produtor mundial de milho, com safra aproximada de 150 milhões de toneladas – perdendo apenas para os Estados Unidos, que colhe cerca de 330 milhões de t. “Porém, a população chinesa cresceu muito nos últimos anos e as indústrias de alimentos estão precisando buscar o cereal em outros países”, diz, lembrando que a população chinesa ultrapassou 1,3 bilhão de pessoas – cerca de 25% da população mundial.
Segundo Cachia, que é natural de Malta, na Europa, e há 24 anos vive no Brasil, a China optou por importar o milho produzido aqui, ao invés dos grãos colhidos nos Estados Unidos, por causa do preço. “Os americanos usam muito milho para produção de etanol e o custeio da safra lá é bem mais alto que no Brasil, influenciando os preços para cima”, pontua.
Steve ainda sustenta que a perspectiva de preços para quem plantar milho nas próximas safras é boa, já que, a demanda mundial do cereal vai continuar aumentando. “Além da China, o mercado espera que a Índia comece a aparecer mais em busca de alimentos. As perspectivas são boas”, projeta Cachia.
Porém, o consultor aponta que o país pode ficar limitado na exportação do grão por causa de deficiência em logística de transportes, já que os portos são longe das principais regiões produtoras e o serviço portuário está praticamente ‘estrangulado’. Fatores como o clima e instabilidade de fundos de investimentos também podem influenciar o cenário – até então positivo - que se desenha.
