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Sábado, 03 de agosto de 2024

Notícias | Agronegócios

Descoberta do DNA faz pesquisa avançar em várias frentes

- Para o diretor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp, Hilton Silveira Pinto, e o chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Delgado Assad, que coordenaram um trabalho sobre os efeitos do aquecimento global na agricultura brasileira, o desvendamento do DNA da soja contribuirá para desenvolver variedades resistentes à seca provocada pelo aumento global da temperatura.


Segundo o estudo, a soja é a cultura que sofrerá maior impacto com as mudanças climáticas, com perdas de produção de até 40% até 2070 no cenário mais pessimista, cujo aumento de temperatura simulado varia de 2 a 5,4 graus. O prejuízo estimado para os próximos 20 anos é de R$ 4,3 bilhões/ano.

"A partir do DNA, a pesquisa poderá se focar no desenvolvimento de materiais adaptados", diz Assad. "A biotecnologia pode ser útil, reduzindo a vulnerabilidade da cultura, sobretudo no Sul, onde sucessivas safras são perdidas por causa da seca."

Na Embrapa Soja, o trabalho mais recente na pesquisa é o desenvolvimento de duas variedades geneticamente modificadas tolerantes à seca, em parceria com o Japão. O trabalho está sendo feito, desde 2003, com base no genoma de outra planta mais simples, a Arabidopis thaliana, sequenciada em 2001. "Os testes de laboratório são animadores", diz o pesquisador Nepomuceno.

Por enquanto, os pesquisadores encontraram dois tipos de genes que ativam outros genes que aumentam a rapidez e a intensidade das defesas da planta em condições de seca. "Como a soja e a A. thaliana têm mecanismos similares de defesa, testamos, com sucesso, esse gene na soja e em batata, trigo e amendoim", diz o pesquisador da Embrapa. "Entender o genoma é entender como esses mecanismos funcionam. Isso vale para seca, ferrugem, nematoide."

OUTROS MERCADOS

A longo prazo, com a ajuda da engenharia genética, a soja deverá atingir outros níveis, como o uso na produção de fármacos. A previsão é do pesquisador Elibio Rech, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que lidera uma pesquisa sobre uso da soja em fármacos e polímeros. "Tudo o que temos hoje é feito com melhoramento clássico. A importância de conhecer o genoma é aprofundar o conhecimento."

Um dos estudos promissores é o uso da soja para produção do fator de coagulação 9 da insulina. "Cerca de 70% da insulina consumida no Brasil é produzida em bactérias e leveduras geneticamente modificadas. A vantagem de usar plantas é a chance de produção em larga escala, além de redução dos custos", diz.
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