“Foi uma desagradável surpresa. Isso é reflexo da crise internacional e o baixo consumo interno de carne. A situação tem agravado nos últimos 90 dias”, disse o presidente da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), Mário Candia, ao comentar  hoje a suspensão do abate de bovinos pelo Grupo Independência em suas 14 bases, sendo cinco delas em Mato Grosso. 

Para ele o governo federal tem que se posicionar nesse momento delicado e liberar uma linha de crédito para a recuperação dos frigoríficos evitando assim, só em Mato Grosso, a demissão de 15 mil pessoas. Enquanto isso não acontece, o produtor tem que ter muita cautela, pois a única forma segura é vender o boi com pagamento à vista." É melhor deixar o boi no pasto do que correr o risco de não receber, pois não temos nenhuma segurança”. 

Segundo o assessor jurídico da Acrimat, Armando Biancardini Candia, “o pecuarista tem que ficar atento ao edital para se habilitar na recuperação de crédito, manifestando sua posição quanto ao PVE (Plano de Viabilidade Econômica), que será apresentado pela justiça. Se os pecuaristas não aceitarem a proposta do PVE será decretada a falência do frigorífico. Com isso será constituído um sindico para administrar a massa falida, quando deverá ser apurado se o ativo paga o passivo. Um processo que não tem prazo para encerrar”. 

 Ainda de acordo com o  Mário Cândia, a Acrimat está acompanhando o desenrolar da crise que afeta toda cadeia produtiva do setor. Em 2008, oito plantas frigoríficas foram fechadas em Mato Grosso e esse número aumentou no dia 27 de fevereiro para 14 com a suspensão no abate nas cinco unidades em operação no Estado do Frigorífico Independência. As unidades de Mato Grosso estão situadas em Colíder, Juína ,Nova Xavantina, Confresa e Pontes e Lacerda, com uma capacidade de abate de mais de quatro mil cabeças por dia.