Um homem entra na área da UnB TV, no subsolo do Minhocão. Pele branca, cabelo curto. Veste camisa e calça social. Ele aperta a mão do vigilante, se identifica como professor e segue em direção à sala de edição de vídeos. Olha, mexe na estante e encontra uma mini-câmera. Coloca o equipamento na cueca e sai. Dali, passa em mais duas salas, onde revira objetos, até chegar ao banco de imagens. Sem hesitar, coloca dois laptops em uma sacola que leva a tiracolo. Antes de deixar a emissora, acena, agradece e deseja boa noite ao funcionário da segurança. São 20h32.
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A sequência acima foi registrada pelas câmeras do sistema de segurança da UnB TV. Os vídeos revelam a frieza e a tranquilidade do suspeito de furto durante os cinco minutos que passou na emissora. Agentes da Polícia Federal (PF) estiveram no local para coleta de impressões digitais e depoimentos na última segunda-feira, 12 de julho. Há suspeita de participação de um comparsa no crime. As imagens mostram um segundo homem, de casaco preto, do lado de fora do lugar. Ele teria recebido parte dos objetos antes de o jovem retornar para pegar a fonte da handcam Sony furtada.
Fotos do homem de barba rala e cabelos castanhos, que vestia tênis e relógio de pulso, estão espalhadas pelas portarias da universidade.
A chefe de Redação da UnB TV, Neuza Meller, era uma das três funcionárias presentes no local na hora do crime. “Ele passou por todas as salas vazias, aparentemente em busca de equipamentos que pudesse carregar com facilidade”. A jornalista, que soube do furto na manhã do dia seguinte, suspeita que o homem conhecia a rotina e o espaço físico da emissora. “Pelo percurso e a rapidez com que agiu, acredito que ele tinha informações sobre o nosso cotidiano”, observa. A TV estima que o prejuízo material seja de cerca de R$ 4 mil.
Não é a primeira vez que ocorre um furto na UnB TV. O último ocorreu há cerca de quatro meses, quando bandidos levaram um monitor LCD. Uma coincidência liga os fatos: nas duas vezes a emissora contava com um vigilante novato de uma empresa terceirizada. “Sabemos que não é culpa dos vigilantes, pois eles entram sem receber um treinamento adequado”, pondera Neuza. “Mas a universidade precisa de uma política efetiva para garantir a segurança de seu patrimônio”, completa. O auxiliar de portaria presente no furto da semana passada acabou afastado da emissora.
FREQUENTE - De janeiro a junho deste ano, 70 furtos foram registrados pela Coordenadoria de Proteção ao Patrimônio (CoPP) da UnB. E 33 deles foram como o ocorrido na UnB TV – os demais são no interior de veículos. “É o problema mais frequente enfrentado pela segurança”, reconhece o coordenador do CoPP, Edmilson Lima. O servidor reconhece a falta de preparo dos vigilantes, que não são do quadro da universidade. “Hoje, eles não recebem treinamento. Mas vamos começar um programa de capacitação dos terceirizados e porteiros a partir de agosto”, promete Lima.
A maioria dos furtos praticados na UnB são cometidos por pessoas que conhecem o cotidiano da instituição, segundo levantamento do CoPP. “São pessoas que tem acesso às chaves, que sabem quais portas ficam abertas e usam de má-fé para furtar”, explica. Edmilson alerta que pequenas ações podem reduzir a incidência do crime na comunidade. “Trancar portas e janelas, controlar as cópias das chaves e não deixar objetos de valor a mostra já dificultam a ação de bandidos”, afirma. Lima pede que denuncias de crimes nos campi sejam comunicados pelo telefone 3107-5847.
