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Domingo, 21 de julho de 2024

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Curso de DJ para crianças ganha adeptos em SP

A mão miúda não compromete o som. O mundo dos DJs agora faz parte da fantasia das crianças e, em São Paulo, existem cursos só para elas. A brincadeira está virando um negócio sério, pois os menores, alguns com agenda lotada, ganham para isso.


Mariana Lopes Hadg, de 14 anos, diz ter trabalho quase todo fim de semana. “Eu faço casamento, aniversário, balada. Onde me chamarem estou indo”, conta, rindo. Segundo ela, o cachê pode chegar a R$ 500. “Às vezes, pagam até mais porque somos menores, é diferente”, afirma a adolescente, que, na tarde de terça-feira (3), fazia mais uma aula com a DJ Lisa Bueno, no Centro de São Paulo.

Já no curso avançado, Mariana mostra domínio com a aparelhagem. Faz performances, como ‘scratch’ e ‘back to back’, que são técnicas de mixagem. Ela jura tocar o que todos pedem e acumula fãs, além de cantadas. “O pessoal gosta. As pessoas ficam fazendo coração com a mão enquanto estou tocando.”

Mercado aquecido
Lisa, que ensina a garotada a mexer com vinil, CD e software em computador, não mostra surpresa com a grande procura deles por esse mercado. Seja por diversão seja por profissão. As técnicas no curso, que tem nível básico e avançado, são as mesmas passadas aos adultos. “Como DJ virou artista, os pais estão querendo que os filhos sejam DJs", afirma Lisa.

Desde os 5 anos, Leonardo Beni Fávero acompanha o pai nas festas onde ele toca no interior de São Paulo. Hoje, aos 11, o garoto, que mal alcança o equipamento de som na mesa, é o DJ Bennyn. Leonardo mora em Bebedouro, na região de Barretos, e diz ter “trânsito livre” em todas as baladas se for convidado a pôr o som.

O menino também faz aulas com Lisa. Cada módulo dura quatro meses. Os olhos dele acompanham atentos os movimentos rápidos da professora. “O curso é para aprender a usar o toca-discos, fazer os ‘scratchs’, que eu não sabia”, revela Leonardo.

Música é matemática


Gonçalo ensina Giovana a operar o som.
(Foto: Reprodução/ Vídeo G1)Giovana Carla de Freitas, de 12 anos, foi a primeira aluna de Gonçalo Vinha, que é DJ e produtor musical. O curso - o primeiro foi em dezembro do ano passado - tem duração de 18 horas e acontece na loja dele nos Jardins, área nobre da capital. A idade inicial é 8 anos. “Faz uns três anos que é moda ter aulas de DJ para crianças na Europa e nos Estados Unidos. Ficamos empolgados e trouxemos essa ideia para cá”, conta ele.

Tímida, Giovana ainda arranha os movimentos com o vinil. Ao contrário de Mariana e Leonardo, não pensa em atuar profissionalmente. “Quis fazer o curso porque sempre gostei de música. Quando vou nas baladas, fico com vontade de cantar, dançar.”

Além de ver o curso como “terapia” para os mais tímidos, Gonçalo defende que mixar e contar batidas para trocar a música são ações que exigem raciocínio rápido. Podem até ajudar nas aulas de matemática da escola. “Para você mixar, juntar uma música na outra, tem que ter noção de matemática. Mexe com o intelecto da criança."

Acompanhamento dos pais
O que deixa de ser só diversão para virar profissão é preciso ser visto com cautela. É o que pensa o promotor da Infância e Juventude Thales Cezar de Oliveira. Para ele, independentemente de ser uma matinê, onde só entram menores de 18, os DJs mirins devem estar em locais seguros, longe de bebidas alcoólicas e drogas.

“É importante ter o acompanhamento do pai e da mãe. O juiz (da Vara da Infância e Juventude) deve determinar que o Conselho Tutelar vá ao local e veja as condições de trabalho”, diz Oliveira. Se isso ocorrer, ele não aponta empecilhos para que os menores comandem o som de baladas. “Devemos incentivar, apenas garantindo um ambiente saudável.”
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