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Domingo, 21 de julho de 2024

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Falta de profissionais deixa setor aéreo em colapso

Nas últimas três semanas os problemas nos aeroportos brasileiros se agravaram. Uma das principais alavancas para o retorno do caos aéreo é a carência de profissionais qualificados para atuar na aviação civil.


Mais de 60% dos voos nacionais foram cancelados ou sofreram atrasos nas últimas semanas. O problema está ligado à carga horária dos trabalhadores do setor. Para se ter uma ideia, para cada novo avião que entra em operação, são necessárias pelo menos 60 novas contratações. Entre 2007 e 2009, por exemplo, a média de licenciamento de novos pilotos comerciais de linhas aéreas foi de 373 profissionais por ano.

Esse número seria suficiente para atender apenas 62 novas aeronaves, de acordo com especialistas. TAM, Gol e Azul, juntas, absorveriam pelo menos 70% desse total, considerando o número de aviões que elas compram a cada ano. Considerando esse cenário, sobraria menos de um terço dos formandos para atender todo o restante do mercado.

A escassez de mão de obra já era prevista por especialistas do setor, pois o curso de pilotos é caro, demorado e a aviação comercial exige cada vez mais horas de trabalho. De acordo com informações da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) divulgadas no mês de março deste ano, o curso que forma pilotos demanda um investimento entre R$ 14 mil a R$ 70 mil.

Além disso, a tripulação tem mais responsabilidades e recebe menos no Brasil do que o mercado paga no exterior.

Essa dificuldade para recrutar pilotos de aviões comerciais torna a situação ainda mais preocupante no Brasil, que está às vésperas de sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada. Especialistas ouvidos pelo R7 estimam que o setor aéreo tende a entrar em colapso em, no máximo, três anos.

Aeroportos

Um estudo do Ipea (Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado em junho mostrava que boa parte dos aeroportos está operando no limite da capacidade. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, criticou severamente a pesquisa dizendo que esta apresentava erros relativos à capacidade operativa dos aeroportos, além de considerar informações sobre tributos que não incidem sobre peças e componentes de aeronaves.

Segundo o Ipea, nenhum dos dez aeroportos pesquisados – todos localizados em cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014 – tem capacidade para dar conta dos pedidos de pousos e decolagens nos horários de pico.

- [A deficiência aeroportuária] prejudica consideravelmente as operações aéreas, na medida em que aeroportos como Congonhas, Guarulhos e Brasília já atingem ou estão próximos da sua capacidade operacional máxima. Estes gargalos se tornarão ainda mais graves a partir de 2013.

Para o coordenador de infraestrutura econômica do instituto, Carlos Campos, esse é um dos principais desafios que o Brasil terá de resolver para a Copa do Mundo de 2014.

Os casos mais graves, mostra o documento, são os de Manaus, São Paulo e Brasília. Na capital do Amazonas, o aeroporto da cidade recebe 17 pedidos de pousos e decolagens por hora, enquanto que a capacidade é de apenas nove. O aeroporto de Congonhas, em São Paulo, tem 34 pedidos por hora, mas a capacidade é para 24. Em Brasília, o aeroporto foi construído para 36 pousos e decolagens por hora, mas recebe 45 em média.

Em maio a Zona Franca de Manaus teve sua economia afetada pela sobrecarga do sistema do aeroporto local. A matéria-prima para a produção de TVs ficou empilhada sob tendas improvisadas. O aquecimento da economia brasileira fez com que a indústria ampliasse a compra de equipamentos, mas o aeroporto de Manaus não estava preparado para suportar tamanha alta do movimento, de 200% maior que em 2009.

O ministro do Esporte, Orlando Silva, admitiu publicamente que um dos focos do governo federal neste momento é investir na infraestrutura e nos serviços prestados nos portos e aeroportos para a promoção da Copa do Mundo de 2014 no país. Segundo ele, seriam destinados R$ 5,5 bilhões para 13 aeroportos das 12 cidades-sede entre 2011 e 2014. Desse total, R$ 740,7 milhões serviriam para a revitalização dos terminais de Salvador, Natal, Fortaleza, Manaus, do Rio de Janeiro e de Santos.
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