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Domingo, 21 de julho de 2024

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Polícia diz que chefe do tráfico da Rocinha participou do tiroteio no Rio

A polícia investiga a possibilidade de que os criminosos que voltavam para a Rocinha e invadiram neste sábado o Hotel Intercontinental, na zona sul do Rio, estivessem escoltando o traficante Francisco Bonfim Lopes, conhecido como o Nem, chefe do tráfico na favela.


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Nem estaria voltando da festa de aniversário de um traficante conhecido como 99, chefe do tráfico na favela do Vidigal, vizinha à Rocinha. Há suspeitas de que Nem tenha se ferido durante o confronto, mas a polícia não sabe de seu paradeiro.

Segundo o secretário de Segurança Público do Rio, José Mariano Beltrame, entre os dez bandidos presos após a invasão também estão o segundo e o terceiro nomes na hierarquia do tráfico na favela da Rocinha.

Beltrame não informou o nome dos dois presos ligados a Nem. Ele os identificou como "Perna" e "o irmão do Zidane" (Zidane, traficante da Rocinha, morreu há cerca de dois anos). Segundo ele, o comboio era formado por cerca de 60 homens. O secretário disse que não será feita nenhuma operação na Rocinha para encontrar os bandidos fugitivos "para não colocar em risco os moradores".

A mulher que morreu durante o tiroteio, identificada como Adriana Duarte de Oliveira dos Santos, 41, é a tesoureira do tráfico da Rocinha, segundo o secretário de Segurança. Ela faria parte do bando e, de acordo com a PM, teria um mandado de prisão expedido em seu nome por tráfico de drogas. Santos estava próxima a um táxi e tentando entrar no carro para fugir do tiroteio, quando foi atingida, relatou a polícia. Quatro policiais militares --dois sargentos e dois cabos-- se feriram, mas sem gravidade.

De acordo com o comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique Moraes, há informações de que vários bandidos estariam feridos dentro da favela, para onde fugiram durante o tiroteio.

Felipe Dana/AP

Hóspedes observam movimentação da polícia das janelas do hotel durante invasão de criminosos

TIROS E INVASÃO

A ação criminosa que assustou o Rio nesta manhã começou antes da invasão do hotel, quando traficantes e os policiais do 23º Batalhão da PM, do Leblon, trocaram tiros por volta das 8h30, após a PM encontrar o grupo, armado, passando pelas ruas do bairro. O tiroteio, que durou cerca de 40 minutos, foi intenso, de acordo com os moradores.

A troca de tiros começou em frente a uma concessionária de automóveis, próxima à Rocinha. Os criminosos se dispersaram. Alguns fugiram em direção à favela, outros invadiram os jardins de condomínios na avenida Aquarela do Brasil e seguiram em direção ao Hotel Intercontinental. Diversos carros também foram atingidos.

Os ladrões estavam em dez vans e dez motos. Estima-se que o grupo era formado por cerca de 30 pessoas. Parte invadiu a recepção do hotel e seguiu em direção à cozinha. Lá fizeram 35 pessoas reféns, sendo cinco hóspedes.

O professor de Educação Física Felipe Lopes Pereira, que passava pelo local no momento da ação, contou que foi rendido por seis homens armados em uma van. O grupo entrou em seu carro e o obrigou a levá-lo ao Intercontinental. Ao chegar lá, ele foi obrigado a derrubar a guarita que protege a entrada do hotel.

Cerca de 800 pessoas estavam hospedadas no hotel, metade estrangeiros. Muitos são atletas que disputam hoje cedo uma Meia Maratona. Havia ainda um grupo de dentistas que participava de um congresso no centro de convenções do hotel.

Segundo José Oliveira e Silva, morador de um condomínio nas proximidades do hotel, o tiroteio foi muito intenso. "Parecia que eu estava no Iraque", disse. Outro morador, Ricardo Valladares, disse que viu bandidos encapuzados e armados de fuzis, atravessando os jardins do condomínio onde mora. "Estamos todos apavorados. Não sabemos se há bandidos aqui dentro. Ninguém sai de casa. Estamos trancados", contou.

Após a invasão, outros moradores relataram que viram criminosos transitando pelo bairro, andando na contramão das vias e atirando indiscriminadamente, armados com fuzis e outras armas pesadas. Na rua Aquarela do Brasil e na avenida Prefeito Mendes de Moraes, nas imediações, há vários carros com marcas de tiros. Um ônibus também foi atingido, mas nenhum passageiro se feriu.
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