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Domingo, 21 de julho de 2024

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Gravidez em regiões com baixo desenvolvimento preocupa no Rio

No Dia Mundial de Prevenção a Gravidez na Adolescência, neste domingo, especialistas alertam que, embora os índices de mães precoces apresentem queda no Rio de Janeiro, regiões com baixo desenvolvimento ainda têm médias preocupantes.


Dados da ONG Rio Como Vamos de 2008 apontam que 13.398 adolescentes do Rio de Janeiro se tornaram mães naquele ano, o que correspondia a 17,28% dos partos de nascidos vivos no município. Os números mais altos foram registrados no Jacarezinho (27,54%), Cidade de Deus (25,82%), Complexo da Maré (24,02%), Complexo do Alemão (23,76%) e Santa Cruz (23,27%).

Outras 13 regiões administrativas do Rio também apresentaram indicadores de gravidez na adolescência acima da média municipal. No lado oposto do ranking, as regiões com menores percentuais de mães adolescentes são Lagoa (5,20%), Botafogo (6,53%) e Copacabana (7,72%).

Para a assistente social Denise Auvray, presidente da ONG Abraçar, que há três anos trabalha no atendimento a adolescentes grávidas, a condição social influencia diretamente as gestações precoces. "A maioria dessas meninas tem ideia fantasiosa sobre o que é ser mãe. Acreditam que com a gravidez conseguirão status social melhor. Normalmente, quando a criança nasce, a realidade é bem diferente. Isso pode gerar rejeição ao bebê, depressão pós-parto e outros problemas emocionais".

O diretor do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente (Nesa), da Uerj, José Augusto Messias, explica que o grau de escolaridade também é determinante. "Quanto menos tempo de estudo, maior a chance de gravidez precoce. Mesmo entre moradoras de áreas carentes, as que estudaram mais de 8 anos têm realidade completamente diferente das que deixaram a escola antes".

Métodos contraceptivos
Moradora de comunidade carente do Andaraí, A. cursava o 6º ano do Ensino Fundamental quando descobriu que estava esperando seu primeiro filho. Vinda de uma família de seis irmãos, ela diz que não conhecia métodos contraceptivos. "Não sabia o que era camisinha. Nunca tinha ouvido falar", disse a pré-adolescente, que ainda tem dúvidas sobre a paternidade da criança.

A mãe de A. diz que teve dificuldades para conseguir atendimento médico para a filha. "Os hospitais próximos de casa não queriam atender porque diziam que era gravidez de risco. Foi uma luta. Ela não conseguiu fazer o pré-natal completo", afirma a doméstica, que luta para que a filha não abandone a escola. "Vou fazer o impossível para que ela continue os estudos. Tenho que apoiar minha filha. Rejeitar, bater não iria resolver nada".

Rede insuficiente
Para especialistas, a rede de atendimento às adolescentes grávidas ainda não é eficiente. "Faltam informação, uma rede de apoio e acolhimento", afirma Denise Auvray. O diretor da Uerj José Augusto Messias acredita que o maior problema é social: "O maior problema não é a gravidez. Biologicamente, uma menina com mais de 14 anos já está pronta para a gestação sem riscos. A questão a ser resolvida é a deficiência de políticas públicas".

A coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente do município, Dilma Medeiros, afirma que profissionais estão sendo capacitados para oferecer atendimento diferenciado aos adolescentes. "Também estamos tornando menos burocrática a distribuição de métodos anticoncepcionais", afirma
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