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Domingo, 21 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Adolescentes internos querem que eleitos melhorem educação e gerem emprego

Adolescentes internados no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), principal unidade de medida socioeducativa do Distrito Federal, que participam das eleições gerais de hoje (3), esperam que os escolhidos aumentem o número de escolas, diminuam o número de cadeias, tenham programas voltados para o mercado de trabalho e invistam na geração de empregos.


A Justiça Eleitoral instalou dentro do Caje um seção eleitoral para colher 135 votos dos que têm título de eleitor e mais de 16 anos. De acordo com a legislação, podem ficar em unidades de medida socioeducativa jovens de até 21 anos que tenham iniciado a internação antes de completar 18 anos.

João (os nomes usados para os adolescentes são fictícios), de 19 anos, resume as expectativas desses eleitores. Pouco antes de entrar na seção de votação, ele disse à Agência Brasil, que ia votar “em alguém que faça tanto aqui dentro quanto lá fora”. Ele espera que seus escolhidos criem meios para que haja mais oficinas profissionalizantes, programas de primeiro emprego, e mais espaço para esporte e lazer.

Bruno, também com 19 anos, promete “ajudar a eleger alguém que faça mudança” e disse ter sido rigoroso na escolha. “Escolhi os melhores, que vão fazer Brasília crescer”, anunciou. Já seu colega Carlos, de 18 anos, que está frequentando o 7º ano do ensino fundamental (antiga 6ª série), disse que acompanhou a campanha eleitoral pela propaganda gratuita na TV e também foi criterioso. “Eu fiquei vendo o que falaram de melhora na escola e na saúde também.”

Pragmático, Sandro (17 anos) instruía os colegas a responderem à reportagem que escolheram os deputados “que vão arrumar emprego quando a gente sair daqui”, mais adiante emendou: “quero arrumar um emprego para mudar de vida”. Enquanto tem que ficar no Caje, ele espera que os novos governantes “mudem tudo”, disse reclamando da “xepa” [comida] servida aos internos.

Thiago, de 18 anos e estudante do 1º ano do ensino médio, reclama que pouco se falou no horário eleitoral sobre a situação dos adolescentes que estão internados. “Quem falou disse que ia acabar com o saidão [indultos] e aumentar as cadeias. Não gostei, não”.

Para o juiz Renato Rodovalho Scussel, titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude do DF e juiz auxiliar da Justiça Eleitoral, os candidatos “têm receio” de falar sobre a internação de adolescentes. Na opinião do magistrado, a preocupação dos adolescentes com educação e emprego é a mesma da maioria dos eleitores. “Essa expectativa não é só dos que estão internados, mas dos brasileiros. É por meio da educação, do esclarecimento e da capacitação que esse país vai melhorar.”

Scussel defendeu a realização de eleições em unidades de internação de adolescentes. “Se é para cumprimos medidas socioeducativas, essa é uma experiência importante. O voto, o exercício da cidadania, é um ingrediente nessa educação. A democracia é assim, a gente aprende a votar, votando. Quanto mais cedo começar, melhor”.

Esta é a primeira vez na história do Brasil que adolescentes internados em unidades de medida socioeducativa participam das eleições. O direito ao voto foi regulamentado pela Resolução nº 23.219 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de março deste ano.
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