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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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'Nunca tive dúvidas que minha filha sofria maus-tratos', diz mãe de Joanna

A mãe da menina Joanna, a médica Cristiane Marcenal, foi a segunda testemunha a depor no Tribunal de Justiça do Rio, na tarde desta terça-feira (26). Ela e mais de 30 testemunhas, além da pediatra do Hospital Rio Mar, Sarita Pereira, serão ouvidas pelo juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte. Sarita contratou o falso médico que atendeu a menina dias antes dela entrar em coma.


A menina Joanna, de 5 anos, morreu de meningite, em agosto após ficar quase um mês em coma. O laudo com a causa da morte só foi divulgado no início do mês. Em outro processo, o pai e a madrasta da menina são acusados pelo Ministério Público por maus tratos.

Após o depoimento de 40 minutos ao juiz, Cristiane falou com jornalistas e se mostrou satisfeita com a prisão do pai de Joanna, o técnico judiciário André Marins, na segunda-feira (25).

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Médica do caso Joanna que está presa depõe no Fórum do Rio Pai da menina Joanna é preso no Rio Morre no Rio menina com suspeita de maus-tratos atendida por falso médico MP desiste de ouvir pai e madrasta de Joanna em audiência nesta terça “O que eu posso dizer é que nunca tive dúvidas que minha filha sofria maus-tratos, só não tinha noção do tamanho desses maus-tratos. Nunca imaginei nem nos meus piores sonhos que minha filha sofria tanto na vida. Mas pelo menos estou vendo que tem justiça neste país, hoje eu vi que esse prédio bonito (o Tribunal de Justiça do Rio) serve pra alguma coisa, não apenas pra enfeitar”, disse a mãe de Joanna.

Ele a madrasta da menina, Vanessa Maia, foram denunciados pelo MP pelos crimes de tortura com dolo direto e homicídio qualificado por meio cruel. Os dois negam os crimes. Apesar da denúncia do MP, o juiz indeferiu nesse primeiro momento o pedido de prisão feito em relação à madrasta, segundo informou a assessoria do TJ nesta terça. Ainda segundo o TJ, o juiz pode, no entanto, reconsiderar sua decisão à medida que as provas surjam no processo.

Por causa do grande número de testemunhas, o juiz ainda não decidiu se a pediatra será ouvida ainda nesta terça. A audiência também seria para ouvir o ex-estudante de medicina que atuava como falso médico e que atendeu Joanna Marcenal Marins. Ele, que já teve a prisão decretada, segue foragido desde o dia 10 de setembro.

O TJ afirmou que dentre outros crimes, a médica é acusada de homicídio doloso, na forma omissiva, e o falso médico, por exercício ilegal da medicina com resultado da morte da menina Joanna.


Joanna morreu após ficar em coma
(Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo)Exame de tomografia
Ao juiz, Cristiane contou que a filha fez uma tomografia dias antes de ser entregue ao pai, em maio deste ano. Ela disse que o exame foi feito sem necessidade e para atender a curiosidade da filha. Segundo Cristiane, Joanna costumava assistir em sua companhia a série americana House, que conta o cotidiano de um hospital, e por isso quis conhecer como funcionava um tomógrafo.

A mãe de Joanna revelou que ao tomar conhecimento que a filha estava internada no CTI do Hospital Amiu, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, ela pediu o resultado da tomografia e constatou que a menina não sofria de nenhum problema neurológico. Em entrevista coletiva concedida a jornalistas no início de outubro, o pai da menina, André Marins disse que a filha tomava medicamentos de uso controlado. Nesta terça, a mãe novamente negou a versão de André.

Hematomas pelo corpo
No depoimento, ela relatou ainda que não teve contato com a filha durante o período que a guarda estava com o pai. Cristiane afirmou que ficou em estado de choque quando viu que Joanna estava suja, com as unhas grandes e com hematomas e escoriações espalhados pelo corpo. Uma das marcas era nos glúteos e, segundo o laudo do IML, seria queimaduras causadas por ações térmicas ou químicas.

“Em nenhum prontuário dos três hospitais que ela passou tinha o detalhamento dessas escoriações que ela tinha pelo corpo. Só no último é que foi relatado a mancha nos glúteos. Ema uma das unidades, minha filha foi submetida a uma sonda na uretra, então tenho certeza que eles viram todos esses macucados”, relatou a mãe ao juiz.

Apesar das críticas feitas aos prontuários, Cristiane não quis se pronunciar sobre a punição da pediatra Sarita Pereira.“Isso eu deixo para a Justiça, eles é que podem decidir por alguma coisa”, resumiu Cristiane.


Delegacia divulga fotos do falso médico que liberou
menina desacordada (Foto: Divulgação/Polícia Civil)Entenda o caso
Joanna era alvo da disputa dos pais desde o nascimento e morreu depois de ficar quase um mês em coma. Ela estava internada em um hospital no Rio de Janeiro em coma desde o dia 19 de julho. Antes, ela foi atendida e liberada num hospital na Zona Oeste, por um falso médico, que teve a prisão preventiva decretada no dia 10 de setembro.

O laudo do Instituto Médico Legal apontou meningite como a causa da morte, mas sinais de hematomas e queimaduras em diversos pontos do corpo da menina levaram a polícia a investigar o caso como maus-tratos. Para o MP, no entanto, a menina foi vítima de tortura.

Ainda segundo a denúncia do MP, os acusados assumiram o risco da morte da criança "de forma omissiva", já que a menina somente foi levada ao Hospital Rio Mar já em situação crítica, local onde teve "atendimento médico impróprio". Foi neste hospital que ela foi atendida pelo falso médico, que teva a prisão decretada e está foragido, e pela médica Sarita Fernandes Pereira, já presa. De acordo com parecer técnico, quando Joanna foi levada ao hospital ela tinha apenas 30% de probabilidade de recuperação.

Esses fatos, de acordo com o MP, caracterizam o crime de homicídio.
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