Mesmo com o sol brilhando e a temperatura em torno de 30 ºC, as praias da Zona Sul do Rio ficaram vazias na tarde deste sábado (27). Para comerciantes, a onda de violência que teve início no domingo (21) na cidade está gerando medo e mantendo muitos cariocas em casa.
No posto 6, em Copacabana, a areia e o calçadão ficaram vazios (Foto: Carla Meneghini/G1)"O movimento está muito devagar. Em um sábado de sol como este, isso aqui estaria lotado. Acho que a população está um pouco assustada. Eu mesmo quase não vim trabalhar", diz o comerciante Emerson Menezes, que trabalha no posto 9, em Ipanema, alugando cadeiras de praia.
"É por causa dessa guerra que está acontecendo, o carioca está com muito medo", afirma o vendedor ambulante João Celio Cerqueira, que lamentava não ter conseguido vender nem metade dos sacos de biscoito que costuma vender nos sábados de sol na praia de Copacabana.
Apesar do pouco movimento, o comércio abriu normalmente em toda a Zona Sul. Mas os lojistas também sentiram os efeitos do medo da violência. "Não estamos vendendo quase nada hoje, nem parece sábado", diz a comerciante Maria Lucia Silva, que trabalha numa loja de artigos para casa em Copacabana. "Está um dia muito esquisito, parece até feriado", afirma outra comerciante, Maria Clara das Rosas, funcionária de uma lanchonete em Copacabana.
Clima de tranquilidade
Nas praias, os poucos banhistas ou praticantes de esportes que curtem o sábado de sol circulam com tranquilidade.
A advogada Reni Martins aproveitou o dia para tomar uma água de coco com sua filha na praia de Ipanema. "Eu não queria sair de casa, mas tive que vencer o medo por causa da minha filha, que tinha que queria vir à praia", conta Reni, que afirma ter sofrido de síndrome do pânico durante muitos anos por causa da violência no Rio. "Sou prova viva do efeito que a violência na saúde dos cariocas, mas estou aqui, lutando contra o medo."
As turistas americanas Lauren Harnett e Melinda Micalizio passeavam e tiravam fotos no calçadão do Leblon. "No hotel nos aconselharam a não sair às ruas por causa da violência, mas estamos aqui para curtir o Rio e não temos medo. Sabemos que a polícia do Rio está cuidando desses problemas", disse Lauren. "O Rio é lindo", disse Melinda arranhando o português.
