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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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Rapaz que ajudou a salvar mulher de enxurrada é hospitalizado no RJ

Um dos rapazes que salvaram uma mulher com uma corda durante enchente em São José do Vale do Rio Preto, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (12), teve de ser internado na madrugada deste domingo (16) devido ao agravamento do machucado que teve em um dos pés durante o salvamento.


Daniel Lopes Cavalcante, de 22 anos, disse que deve ficar em observação por ao menos três dias, segundo os médicos. “Tomei um antibiótico mais forte e o médico disse que devo ficar mais dois ou três dias para ter acompanhamento”, disse Daniel ao G1 em entrevista por telefone. O jovem disse que não sente dor. “Graças a Deus parece que está melhorando”, disse.

Daniel se cortou em uma cerâmica no salvamento de dona Ilair Pereira de Souza, de 53 anos. Ele fez o resgate junto com o vidraceiro Gilberto Branco Faraco, de 23 anos, e outras pessoas que estavam abrigadas na laje do prédio em que ele mora.

“Na hora, a adrenalina estava tão alta e meu corpo estava quente. Nem senti. Só pensava em puxar a corda. Depois que ela subiu, vi a quantidade de sangue que saía do meu pé. Fui ao banheiro lavar e vi que era sério”, afirmou.

O grupo ficou sobre o prédio das 9h às 18h da quarta-feira. Só saiu com a ajuda de um conhecido, que foi com um barco ao local. “Nessa hora, coloquei o pé na água do rio, na lama, na sujeira. Acho que foi por isso que complicou mais”, afirmou. Daniel foi direto para o hospital, onde levou oito pontos.

Depois, foi para um apartamento que a família conseguiu para se abrigar. Neste sábado (15), o jovem disse que a área do corte ficou escura e a família dele resolveu levá-lo de novo ao hospital, onde foi internado. O rapaz torce agora para conseguir que o plano de saúde cubra as despesas do hospital particular. “Ligamos lá, mas ninguém atende”, afirmou.

Antes da enchente, fazia uma semana que o jovem tinha começado a trabalhar em uma cervejaria em Teresópolis como auxiliar de produção.

Na quarta-feira, o jovem, que mora no segundo andar do prédio em que salvou dona Ilair, foi acordado pela mãe. “Ela disse para eu tirar o carro da garagem por causa da água. Dei ré e meu tio tirou o carro. Voltei e a água já estava no joelho. Não dava para sair. Resolvemos ir para a cobertura”, afirmou.

'Só ouvia os gritos'
No local, 15 pessoas estavam reunidas, quando ouviram os gritos de dona Ilair, na casa ao lado do prédio de três andares. “Foi muito tenso. O Gilberto teve a ideia da cadeirinha. Tentamos lançar, mas não conseguíamos ver. Só ouvia os gritos”, disse o rapaz.

A cadeira caiu na água e foi arrastada pela correnteza. Foi então que o telhado caiu sobre Ilair. “Bateu mais o desespero. Achei que não tinha outra corda. Achei que ela ia morrer naquela hora. Olhei para o rosto dela. Ela olhou e gritou”, afirmou.

Gilberto disse que havia outra corda e os dois lançaram na direção de dona Ilair. Depois de várias tentativas, ela conseguiu pegar. Os rapazes deram as instruções para que ela amarrasse firme. “De repente, vi que a água estava chegando muito em cima e puxei e ela se jogou. Falei, gente, vai lá ver onde ela está. Estava com água na metade do corpo”, contou.

O salvamento durou cerca de três minutos. “Comecei a puxar a corda de cima para não dar atrito com o cimento. Toda vez que puxava, gritava para o pessoal prender a corda num caibro, para não voltar. Fazia força todo mundo junto até ela chegar em cima”, disse Daniel.

Quando Lair chegou ao alto, estava exausta e Daniel também. “Pedi para o Juan segurar a corda e para o Gilberto sair e puxar ela. Ela estava muito exausta. Conseguimos passar através da grade e tirar a corda do corpo dela", disse.

"Virei e dei um abraço nela muito forte. Ela ficou em estado de choque. Fui para o banheiro lavar o machucado. Comecei a chorar. Falei para minha mãe: 'pô, mãe, eu vi ela morrendo'"Daniel Lopes CavalcanteOs primeiros segundos depois do salvamento foram de emoção. "Virei e dei um abraço nela muito forte. Falei, ‘que trabalho você deu pra gente, hein?'. Ela ficou em estado de choque. Fui para o banheiro lavar o machucado. Comecei a chorar. Falei para minha mãe: 'pô, mãe, eu vi ela morrendo'. Logo depois que lavei o machucado e minha mãe fez uma atadura, saí e dei uma abraço nela de novo. A gente chorou junto”, afirmou.

Logo após ter içado dona Ilair, Daniel disse que se sentou e conversou com Gilberto, perplexo. “Disse: ‘isso é coisa de cinema”, afirmou. “Achei que não fosse conseguir”, disse o jovem.

Daniel afirmou que sempre que lembra do que ocorreu, fica feliz. “Fico com um sentimento de alívio. “Fico muito feliz. Pôxa, se tivesse deixado a vida dela escapar, o sentimento de peso seria muito grande. Fico aliviado que teve final feliz”, disse.

Daniel teve reencontro rápido neste sábado com dona Ilair. “Trocamos poucas palavras. Falei: 'como você está?' Ela veio me agradecendo, disse que estava muito feliz porque estava viva depois de tudo que aconteceu. Disse que se viu nascer de novo. Falou que tinha arrumado um cachorrinho doado”, disse Daniel.
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