A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro já contabiliza mais de 800 mortos. Pelos balanços da Secretaria Estadual de Saúde e da Defesa Civil do Rio de Janeiro (Sesdec-RJ) e números das prefeituras e Defesas Civis municipais das cidades atingidas, ao menos 803 pessoas morreram desde o início das chuvas, no último dia 12.
Nova Friburgo é a cidade que concentra o maior número de mortos: 389. Teresópolis tem 324, em Petrópolis são 65, Sumidouro, 22, além de uma morte em Bom Jardim e duas em São José do Vale do Rio Preto.
Há ainda 430 desaparecidos, em Teresópolis foram registrados 211; em Nova Friburgo, 124; e em Petrópolis, 48. Também há desaparecimentos na cidade de Sumidouro (4), Bom Jardim (1), Cordeiro (1) e São José do Vale do Rio Preto (1), além de 40 desaparecidos em localidades não informadas.
A vida recomeça
Mais de 2.000 famílias já foram atendidas pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Rio até agora, para a obtenção da segunda via da carteira de identidade nos municípios de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo, os mais atingidos pelas chuvas dos últimos dias 11 e 12 na região serrana. A entrega das carteiras está prevista para amanhã (24).
O presidente do Detran do Rio, Fernando Avelino, informou que o órgão mantém na região 20 unidades móveis. O atendimento continua neste domingo em Petrópolis e Areal. Amanhã (24), os postos móveis do Detran estarão em Bom Jardim e São José do Vale do Rio Preto. Segundo Avelino, todas as unidades fixas do Detran já estão funcionando nos municípios atingidos pelas chuvas.
Avelino ressaltou a importância da emissão da segunda via da carteira de identidade para as vítimas das chuvas, que perderam tudo na tragédia. “A segunda via é fundamental, porque as pessoas que não têm nenhuma identidade não terão acesso aos programas sociais como o Bolsa Família ou o Aluguel Social, nem ao saque de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou aos programas habitacionais. Se a pessoa não tiver como se identificar, ela não entra”.
Avelino afirmou ainda que a ação do Detran nos municípios afetados não tem prazo para terminar. “Nós vamos atender, dure o tempo que durar”. Acrescentou que o órgão estadual está trabalhando também em outras áreas.
Ecos em São Paulo
Desde o último dia 12, data do desastre que matou centenas de pessoas em deslizamentos e enxurradas na região serrana do Rio de Janeiro, ecos da tragédia fluminense se manifestam na forma de medo e insegurança em alguns dos destinos turísticos mais procurados pelos paulistanos nas férias.
De acordo com relatos de empresários e trabalhadores do ramo hoteleiro, mesmo sem um fato em São Paulo que justificasse mudanças de comportamento, os últimos 12 dias foram marcados, em menor ou maior intensidade, por redução da procura, desistências, adiamentos de reservas e muitos questionamentos.
"Tem muita gente perguntando antes de vir se está chovendo muito, se o hotel fica perto de morro ou de rio", diz Monica Fuhrhausser, de 35 anos, dona de um hotel em Barra do Una, uma das praias mais concorridas de São Sebastião, no litoral norte.
"Minha taxa de ocupação não fica abaixo de 80% nessa época. Depois que começaram as notícias (da tragédia no Rio), caiu pela metade em alguns dias de semana. Quem já tinha reservado veio, mas o telefone parou de tocar. Agora está voltando", diz.
Em outras praias de São Sebastião e também em destinos da Serra da Mantiqueira, como Santo Antonio do Pinhal (SP) e Visconde de Mauá (RJ), os relatos são parecidos. "Tivemos na semana retrasada uma diminuição dos telefonemas, mas está lotando a cada fim de semana. Os hóspedes às vezes perguntam 'será que não tem perigo?' Mas nossos números não chegaram a mudar", afirma Renata Pavão, dona de hotel no morro da Praia de Toque Toque Grande. Ela diz ter chamado um geólogo para verificar as condições do local.
