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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Por lembrá-lo da filha, avô de bebê salvo na serra o viu 1 vez em um mês

Foto: Divulgação

Por lembrá-lo da filha, avô de bebê salvo na serra o viu 1 vez em um mês
O resgate do bebê Nicolas, de 6 meses, emocionou os bombeiros que atuaram por mais de 15 horas para resgatar a criança, os pais, e a avó, após um deslizamento em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, após as chuvas de janeiro. Na tragédia, apenas o menino e o pai sobreviveram.


Passados 30 dias da catástrofe causada pela chuva, o avô do bebê, Edmo Cardoso, diz que só viu o neto uma vez. Ele explica que o neto o remete à lembrança de sua filha Renata, mãe do bebê.

“O meu genro diz que neste instante é preciso ter solidariedade e a família precisa ficar mais unida. Mas eu ainda não consigo me aproximar, ele tem que entender que eu era o pai, é muito triste saber que não tenho mais minha filha. A gente nunca espera enterrar um filho, essa não é a ordem natural dessas coisas”, conta o avô.

Tragédia no trabalho

Edmo trabalha como zelador de um prédio próximo à rua onde ocorreu o desabamento da casa onde estava parte de sua família. Ele conta que ao chegar ao trabalho, viu muitos curiosos e bombeiros em meio ao barro e à lama. Pouco tempo depois, o zelador descobriu que se tratava de sua filha, a ex-mulher, o genro e o neto.

“Quando eu soube que eram eles, passei muito mal, e tive que ser sedado. Mal consegui ir ao enterro da minha filha. Ela era muito especial e nos falávamos diariamente. Ainda tenho a mania de pegar o celular e ligar pra ela, aí quando me dou conta que ela não está mais aqui entre a gente, começo a chorar”, diz entre lágrimas o zelador.

Traumas da chuva
Edmo chegou a procurar atendimento médico e psicológico para tentar esquecer o trauma.

“Tomo dois calmantes todos os dias, mas os próprios médicos disseram que só o tempo mesmo pode curar essa ferida imensa que está no meu coração”, lamenta.

De acordo com Edmo, a mãe de Renata havia retornado a Nova Friburgo na tarde de terça-feira, 11 de janeiro. Horas após chegar em casa, começou a chover forte, e a queda de duas barreiras destruiu a moradia.

“Ela chegou de tarde e morreu de madrugada. A Maria de Fátima estava no Rio, na casa do namorado, e voltou naquele dia. É uma coisa que não dá para entender. Fomos casados por 27 anos, já estávamos separados há alguns anos, e, o nosso relacionamento era como o de irmãos. Éramos muito próximos”, conta Edmo.

Prédio destruído pela chuva

O prédio onde Edmo trabalha também foi marcado pela força da chuva. Uma coluna do edifício foi destruída por deslizamentos de terra, que arrancaram quartos e banheiros dos apartamentos. Segundo o zelador, um morador do prédio, um adolescente de 16 anos, morreu.

“Só posso dizer que pode passar um mês, um ano, o tempo que for, que sempre será muito difícil. Sempre rezei toda noite por minha filha, agora rezo pela alma dela. Isso é triste demais. Vou levar uma vida para tentar me conformar com o que aconteceu”, diz o zelador.

Bebê mora com pai e tio

vida do pai do bebê, Wellington Guimarães, também não voltou ao normal. A casa onde morava com a esposa e o filho não foi afetada, mas segundo ele, o lugar lhe traz muitas lembranças. Por enquanto, para tentar refazer sua rotina, ele está morando com a família do cunhado.

"Acho que nesse momento é melhor estarmos em companhia. Então optei em ficar na casa do meu cunhado, irmão da Renata, pelo menos por um período. Apesar de toda tragédia, ainda vou continuar morando em Nova Friburgo", conta Wellington.

O trabalho, a família e a religião ajudam Wellington a superar as perdas e a encontrar forças para criar Nicolas, agora com 7 meses.

"É triste, a perda é irreparável, mas a vida segue", conclui o pai do bebê.
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