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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Entenda esquema em que policiais pediam até R$ 50 mil de propina no RJ

Os policiais investigados na megaoperação da Polícia Federal e da Secretraria de Segurança formavam quatro quadrilhas que pediam até R$ 50 mil de propinas. Pelo valor, eles ofereciam segurança a traficantes, milicianos e máfia dos caça-níqueis, além de ‘vender’ informações sobre operações, armas, munição e drogas apreendidas.


Entre as quadrilhas, uma é formada por três inspetores da Polícia Civil e dois policiais militares, além de um sexto homem. Eles cobravam R$ 50 mil por mês para passar informações ao traficante Nem, chefe do tráfico na Rocinha.

Policiais ajudavam Nem e Roupinol
Em 2009 e 2007, ele fugiu de grandes cercos da polícia montado na favela para capturá-lo. Nem é um dos traficantes mais procurados do Rio e o Disque-Denúncia oferecem recompensa de R$ 5 mil a informações sobre ele.

O mesmo grupo cobraria R$ 50 mil também do traficante Roupinol, já morto, que comandava o tráfico no Conjunto de Favelas de São Carlos, pacificado na semana passada.

Um outro grupo, formado por três PMs, cobravam R$ 20 mil desses mesmos traficantes, para não combater o tráfico no local. Um dos integrantes já trabalhou na delegacia de combate a drogas.

Apreensões do Alemão foram desviadas
Entre as apreensões desviadas estaria parte do que foi encontrado durante as ocupações nos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha, em novembro do ano passado. Segundo o secretário José Mariano Beltrame, na época, os policiais já estavam sendo monitorados, mas o objetivo maior da polícia era a pacificação das comunidades.

"A movimentação no Alemão também ajudou nas investigações. O volume de apreensões lá foi muito grande e houve desvios. Muito 'sobrou' e eles (os policiais) revenderam. Muito foi apreendido e imediatamente subtraído", confirmou o superintendente da PF, Angelo Gioia.

Como foi a operação
A operação, que tem 45 mandados de prisão, já prendeu 28 pessoas. Entre elas, vários policiais. A ação investiga o envolvimento deles com traficantes, milícias e a máfia dos caça-níqueis. Eles receberiam propina para passar informações de operações a criminosos e venderiam material apreendido. Entre as apreensões desviadas estaria parte do que foi encontrado no Conjunto de Favelas do Alemão, em novembro do ano passado.

Para chegar aos suspeitos, a polícia contou com a ajuda de informantes, escutas telefônicas, fotografias e filmagens. A ação conta com 580 agentes, que cumpriram 48 mandados de busca e apreensão, em bingos, residências e estabelecimentos comerciais.

Delegado envolvido
Em nota oficial, a prefeitura do Rio anunciou nesta manhã que vai exonerar o delegado Carlos Oliveira, que, há pouco mais de um mês, assumiu a subsecretaria de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública. Ele é um dos procurados na operação.

"Ele ja tinha saido da policia. A situação dele está posta e está muito ruim. O que mais interessou foi saber quem estava fazendo. Se vendeu um ou 10 fuzis, a gravidade é a mesma", disse Beltrame, que disse não saber especificar o que ele fazia.

A delegada Márcia Becker chegou à sede da PF nesta manhã para prestar esclarecimentos. Ela era titular da 22ª DP (Penha) durante as ações na Vila Cruzeiro e no Alemão, em novembro do ano passado, e já esteve à frente da Delegacia de Repressão a Armas e Entorpecentes (Drae) e da 17ª DP (São Cristóvão). No início da ação, agentes vasculharam armários das delegacias da Penha e de São Cristóvão. De acordo com a Secretaria, os agentes procuraram, sobretudo, materiais que podem reforçar as acusações contra os suspeitos.

O chefe de Polícia Civil do Rio, Alan Turnowski, foi chamado nesta manhã para prestar esclarecimentos sobre as investigações. De acordo com a Secretaria, a ação foi comandada pelo órgão e Turnowski pode ajudar nos trabalhos. Em entrevista, Beltrame reiterou a confiança em Alan Turnowski

Investigações
Segundo a Secretaria, a ação teve início em 2009, quando agentes tentavam prender o traficante Roupinol, comparsa do traficante Nem, na Rocinha. Na ocasião, policiais do estado do Rio atuaram junto com agentes da Polícia Federal de Macaé, no Norte Fluminense, depois de um vazamento de informações.

Com três testemunhas e um farto material, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, chegou a ir a Brasília pedir à chefia da Polícia Federal que fosse feita uma parceria entre as forças de segurança, já que a PF também havia participado da operação conjunta há quase 2 anos e seguia investigando o grupo.

Participam da ação desta sexta, além de policiais federais e agentes da Secretaria, a Corregedoria Geral Unificada e o Ministério Público Estadual.
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