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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Polícia investiga hospitais suspeitos de contratar falsos médicos no Rio

A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública planeja fazer uma varredura em três hospitais na Zona Oeste do Rio, suspeitos de contratarem alunos de medicina para atuarem como médicos em plantões. O delegado responsável pelas investigações, Fábio Cardoso, tomou a iniciativa de vistoriar as unidades, após o depoimento do estudante Alex Sandro da Cunha, nesta sexta-feira (4).


Alex Sandro é o falso médico acusado de ter atendido e liberado a menina Joanna Marcenal, em julho do ano passado. Segundo a polícia, ele teria confessado que trabalhou como pediatra em outros dois hospitais em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Segundo a polícia, a farsa aconteceu durante nove meses, entre outubro de 2009 e julho de 2010.

Alex Sandro está preso na carceragem da Polinter de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, desde 28 de fevereiro, quando se entegou à polícia após ficar sete meses foragido. Além de ter sido indiciado pelo atendimento à menina Joanna, ele também responde a um inquérito da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP).

Segundo o delegado, o falso médico informou que conheceu a pediatra Sarita Fernandes, ex-médica do Hospital Rio Mar e também responsável por alguns atendimentos à menina Joanna, por intermédio de um colega de faculdade. Alex Sandro disse à polícia que queria um estágio acadêmico e foi orientado pelo amigo a procurar Sarita. No entanto, no depoimento, ele disse que Sarita o convidou a atuar como médico, pagando 30% do valor do plantão, o que corresponderia a uma quantia de R$ 150 por 12 horas de trabalho.

De acordo com Cardoso, apesar de Alex Sandro não fornecer os nomes e nem apontar um suposto esquema de contratação de alunos em hospitais, a polícia vai investigar os prontuários e a administração dos três hospitais onde o falso médico trabalhou. Dois deles ficam em Santa Cruz, e o outro na Barra da Tijuca.

"Vamos instaurar uma nova investigação, conversar com pacientes, para tentar esclarecer se existe ou não essa rede de médicos que pagam estudantes para darem plantões. Mesmo sem trabalhar, esses médicos lucrariam cerca de R$ 350 pelas 12 horas trabalhadas pelo estudante", informou o delegado, acrescentando que a médica Sarita será chamada para depor.

Em depoimento à Justiça, a médica Sarita Fernanes negou ter contratado Alex Sandro para atuar como médico.

Carimbo de outro médico
O delegado afirmou ainda que ouviu um dos diretores do hospital onde Alex Sandro trabalhou. O diretor teria confirmado que o estudante se apresentou como pediatra, usando o nome, o carimbo e documentos do médico André Lins de Almeida. O mesmo nome também foi usado por ele durante o tempo em que trabalhou no Hospital Rio Mar, onde a menina Joanna foi atendida.

"Os diretores alegaram que o Alex Sandro se cadastrou como André para atuar como plantonista no hospital. Após trabalhar por quatro vezes, a direção do hospital pediu a ele uma série de documentos e desde então ele sumiu do hospital e não voltou mais", explicou o delegado.

Estudante responde a 2 inquéritos
Após a confirmação de que trabalhou no hospital, a polícia indiciou o estudante pelos crimes de exercício ilegal da medicina, falsificação de documentos e estelionato. Segundo o delegado, a pena para estes crimes pode chegar a 12 anos. Por ter atendido a menina Joanna, ele também foi indiciado pelos mesmos crimes, além de tráfico de drogas (por ter aplicado duas substâncias de uso controlado) e homicídio doloso.

A polícia também ouviu o médico André Lins de Almeida. De acordo com o delegado, ele contou que Alex Sandro trabalhou com ele, como acadêmico, em um hospital em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A polícia suspeita que o estudante tenha pego a documentação do médico na época.

Estudante incrimina pediatra
Em depoimento à Justiça na terça-feira (1º), Alex Sandro confirmou parte das denúncias do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e disse que se apresentou à Sarita usando o nome verdadeiro.

Durante audiência, Alex Sandro confirmou que foi contratado pela médica sob a condição de que ele teria que se apresentar com outro nome. Ainda segundo o estudante, a pediatra sempre soube o seu nome verdadeiro e sua condição de acadêmico.

Alex contou, ainda, que fazia plantões no Hospital Rio Mar, usando os documentos e carimbos de André Lins, orientado por Sarita, e que parte do pagamento era repassado a ela. Ele afirmou que após a morte da menina recebeu várias ligações dela, para ele "sumir até a poeira baixar".

Procurado pelo G1, o advogado Wanderley Rebello de Oliveira Filho, que defende a médica Sarita Fernades, disse que acusação é estranha, já que Alex Sandro trabalhou com André Lins Moreira antes de conhecer a pediatra.

Relembre o caso Joanna
Joanna estava internada no Hospital Amiu, em Botafogo, na Zona Sul. Antes de dar entrada na unidade, Joanna passou por outros dois hospitais. No Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca, ela foi atendida pelo falso médico.

A menina era alvo de disputa judicial entre os pais desde o seu nascimento. Seu pai, que estava com a guarda da criança na época da internação, é acusado de maus tratos e está preso desde outubro.
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