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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Bebê que teve perna amputada segue em berçário de alto risco, diz hospital

O bebê que teve uma perna amputada por suposto erro médico continua internado no bercário de alto risco do Instituto Fernandes Figueira (IFF), no Flamengo, na Zona Sul do Rio. De acordo com o boletim médico divulgado na tarde desta sexta-feira (11), a criança apresenta boa cicatrização após ter sido submetida a cirurgia. Seu quadro de saúde é estável, apresenta boa evolução clínica e a menina respira sem a ajuda de aparelhos.


A menina nasceu com quadro de hidranencefalia grave - acúmulo de líquido na cabeça no lugar de parte do cérebro - e passava por um procedimento neurocirúrgico quando teve sua perna queimada por uma placa de ferro.

Nesta sexta, o delegado Pedro Paulo Pontes, da 9ª DP (Catete), e agentes da delegacia realizam perícia no hospital.

O IFF, que é ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), informou nesta sexta que abriu uma comissão de sindicância para apurar o que ocorreu durante a cirurgia da recém-nascida.

A mãe da menina, Karen Caroline Nascimento, afirmou na quinta-feira (10) que vai processar o hospital, ao deixar a 9ª DP (Catete), onde prestou depoimento.A avó da criança, Maria da Penha Nascimento, também prestou esclarecimentos à polícia.

"Eu quero justiça, ela tinha expectativa de alta para sábado, agora os médicos já disseram pra mim que a minha filha vai morar um bom tempo na UTI. Ela está toda entubada. É muito triste chegar em casa, ver as roupinhas e os sapatinhos dela e saber que ela está nessas condições no hospital. Tenho medo que o pior aconteça", desabafou a mãe, em meio a lágrimas.

A família do bebê acusa médicos do IFF de causarem a amputação de uma das pernas da recém-nascida.

Polícia aponta erro médico
De acordo com o delegado Pedro Paulo Pontes, da 9ª DP (Catete), que investiga o caso, houve erro médico. O cirurgião responsável pela operação vai responder por lesão corporal culposa. A pena é de 6 meses a 1 ano e 4 meses de prisão, mas pode ser revertida a prestação de serviços comunitários. O delegado ainda está analisando se vai indiciar outro profissional da equipe cirúrgica pelo ocorrido.

Em relação a um possível indiciamento da direção do hospital, Pedro Paulo Pontes, afirmou que as chances são remotas, já que neste caso a responsabilidade é do médico que conduziu a cirurgia.

A polícia também vai fazer uma vistoria no centro cirúrgico para verificar as condições do bisturi elétrico usado no procedimento.

Família quer investigação rigorosa
Nesta quinta-feira (10), a mãe e a avó da menina foram ao hospital. A família espera uma investigação rigorosa sobre o caso. “Quando vi fiquei desnorteada, foi uma queimadura mesmo. A gente quer justiça”, disse Maria da Penha do Nascimento, avó da criança.

A polícia marcou para segunda-feira (14) o depoimento de dois médicos que participaram da cirurgia. O estado de saúde do bebê é estável e a menina já respira sem a ajuda de aparelhos.

Placa de ferro
“Os médicos falaram que tinha uma placa de ferro embaixo da perninha da menina e que não deveria passar corrente por essa placa. Eles só perceberam que a placa estava ligada quando o aparelho apitou. Eles desligaram, mas só depois, quando tiraram o pano que cobria a neném é que eles viram a queimadura”, contou a avó.

Em nota, o Instituto Fernandes Figueira informou que "durante a cirurgia, a equipe observou a ocorrência de uma queimadura na região proximal da perna direita, onde havia sido colocada a placa para utilização do bisturi elétrico, procedimento padrão nesses casos. O evento, que causou alterações de fluxo sanguíneo no membro lesionado, foi imediatamente notificado à direção do Instituto, que iniciou investigação para apurar as causas do ocorrido”.

A amputação aconteceu na segunda-feira (7). “Minha filha começou a gritar, pedindo para os médicos não cortarem a perninha dela”, disse Maria da Penha.

De acordo com o IFF, a família tem sido apoiada por psicólogos e assistentes sociais da instituição. “Está doendo muito. É tudo muito triste. Ver minha filhinha assim, toda entubada. Uma neném que estava boa, só com uma sondinha, ficar assim cheia de tubos”, desabafa Karen.

Família diz que recebeu vale-transporte do hospital
Apesar da posição do hospital, a família nega que tenha recebido apoio por parte do hospital. “Eles não falam nada. Não prestaram qualquer assistência, a única coisa que nos deram foi um Riocard de R$ 40 para que viéssemos visitar a bebê”, disse Karen.

Segundo o hospital, o atendimento psicológico e social é requisitado pelo paciente ou por encaminhamento do médico. Ainda de acordo com o IFF, neste caso, a família não tem ficado muito presente no hospital, o que causou dificuldade inclusive da equipe médica fazer contato com os familiares para informações sobre o estado de saúde da criança.

Sobre o vale-transporte, o IFF confirma que o vale-transporte foi doado para a família para facilitar a locomoção dos familiares durante o período de internação do bebê.
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