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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Situação em Teresópolis continua caótica com quase 16 mil pessoas fora de casa

Dois meses após as enchentes e deslizamentos que devastaram cerca de 79 bairros na cidade de Teresópolis, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, ainda há 15.900 pessoas fora de suas casas. Destas, 6.727 estão desabrigadas e 9.110 desalojadas.


Além disso, o surto de leptospirose preocupa as autoridades da secretaria de saúde da cidade, que já contabiliza 17 casos confirmados e outras 185 notificações de casos suspeitos. A demora para confirmar essas ocorrências acontece devido à necessidade de se fazer as análises ambulatoriais na capital fluminense, o que leva, em média, sete dias para que os exames retornem ao município serrano.

Segundo o Programa de Identificação de Vítimas do Ministério Público Estadual, há 181 desaparecidos em Teresópolis, 85 em Nova Friburgo, 49 em Petrópolis e dois em Sumidouro. Há ainda 32 desaparecidos cuja localidade não foi informada ao Ministério Público. A lista com os nomes dos desaparecidos está em www.mp.rj.gov.br. No total, as equipes de resgate na região serrana já encontraram mais de 900 corpos. Ao todo, a região serrana do Rio de Janeiro tem 349 pessoas desaparecidas em consequência das chuvas ocorridas em janeiro deste ano.

Rio tem 14 funcionários para mapear áreas de risco

Enquanto a reportagem do R7 esteve em Teresópolis, foi possível acompanhar o trabalho da equipe do DRM (Departamento de Recursos Minerais), que realizou uma série de incursões terrestres e aéreas para fotografar o terreno da cidade e criar, ou tentar, novas metodologias que pudessem diminuir os impactos naturais na vida da população. O número efetivo de pessoas que realizam este trabalho é de apenas 14, para cuidar dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro.

Diante do tamanho da tragédia, afirmou o presidente do instituto Flávio Erthal, novas maneiras de se mapear áreas de risco devem ser criadas, principalmente “por que áreas que não eram consideradas de risco foram severamente atingidas”. Para comprovar a afirmação do presidente do DRM, basta verificar a extensão das áreas de risco na cidade de Teresópolis apontada pela ONG S.O.S Mata Atlântica, que revelam amplas áreas de risco fora dos limites urbanos, concentrando-se, principalmente, nas localidades rurais.

- Essas cidades já tiveram outros mapeamentos feitos, mas focavam principalmente as áreas urbanas. No caso de Teresópolis, cuja maioria dos bairros atingidos se localizavam na área rural, não havia mapas prontos que mostrassem regiões com riscos iminentes. O que foi surpreendente no processo é que dessa vez a tragédia se concentrou fora das áreas pré-mapeadas.

Erthal reafirma que, daqui pra frente, o DRM e as cidades vão se preocupar em criar novas formas para realizar mapeamentos e apontar, por meio de novas classificações, áreas de risco.

- É como um aprendizado, como grande parte dos recursos vêm da Ministério da Cidade, têm-se uma preocupação em mapear claramente as áreas urbanas. Desta vez, o problema foi a abrangência de quase 60 quilômetros, dentro dos limites rurais.

As fotos do relatório do Departamento de Recursos Minerais mostram áreas traçadas em vermelho e em amarelo, onde, de acordo com o presidente do órgão, são formas de se aconselhar as respectivas defesas dos municípios a retirar famílias de áreas com alto risco e de estudar a remoção de outras famílias em áreas de risco mais baixo.

- Não cabe a nós fazermos a auditoria desses casos, nós até temos uma carência de organização pública. A defesa civil da cidade [Teresópolis] é até boa, usam os instrumentos que estão disponíveis para eles. O que vai ter de ser feito agora é a introdução de uma nova cultura do segmento, com a ampliação desses mapeamentos para áreas não-urbanas.

Hotéis ocupados mesmo sem folia no Carnaval

Apesar do cancelamento do carnaval na região, a Associação das Indústrias de Hotéis do Rio de Janeiro informou que a taxa de ocupação em Teresópolis foi de 70%, no entanto, para a época, o patamar costumava ser de 90%. Além disso, a verba de R$ 1 milhão - que havia sido destinada para as escolas de samba e outras comemorações - foi revertida para a reconstrução das áreas devastadas e assistência às vítimas das chuvas.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou esta semana que espera fornecer em 2011 mais de US$ 500 milhões à América Latina e Caribe, como ajuda para minimizar os impactos dos desastres naturais na região. Deste valor, quase US$ 20 milhões virão para o Brasil, em particular, para as cidades atingidas pelo forte temporal do dia 11 de janeiro.
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