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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

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Promotora quer que psicóloga e guardas viagem com menino haitiano

A promotora paulista Eliana Vendramini trabalha para que uma psicóloga e uma assistente social paulista, além de dois guardas municipais responsáveis pela segurança pessoal, viagem à Guiana Francesa com o garoto haitiano encontrado em São Paulo para entregá-lo à mãe.


Eliana diz que ela e o juiz Paulo Fadigas pretendem encerrar o processo em até duas semanas. Em seguida, o menino haitiano, que foi encontrado em uma estação de metrô de São Paulo em 2009, na época com 11 anos, poderá embarcar para a Guiana.

O garoto já está em posse do seu passaporte oficial, obtido com apoio da Polícia Federal, e tem autorização da Guiana Francesa para entrar no país, segundo Eliana.

“Vou me manifestar sobre o processo até o fim desta semana e, em seguida, o juiz dará a decisão dele. A viagem não é tão simples assim, pois há um aparato psicológico incluído. Queremos que as pessoas que zelam por ele o acompanhem até ele ser entregue para a mãe na Guiana”, diz Eliana. “Os dois guardas municipais que fazem a segurança dele são agora os melhores amigos dele, estamos brigando para que eles o acompanhem até o final”, garante a promotora.

A Guarda Civil Metropolitana informou através da assessoria de imprensa que está avaliando a possibilidade de atender ao pedido do MP para que os agentes viagem ou se a responsabilidade será repassada à Polícia Federal.

O caso foi divulgado pelo Fantástico no último domingo (16). Em 2003, a haitiana Dieula Goin fica viúva no Haiti e, sem ter como sustentar a família, imigra para a Guiana Francesa. Casa de novo, melhora de vida e contrata uma pessoa para buscar os dois filhos que tinham ficado no Haiti. Sem saber, Dieula estava caindo em uma rede internacional de extorsão e tráfico de pessoas.
Um dos filhos dela, trazido por coiotes, foi encontrado em 2009 em São Paulo. O menino está em um abrigo municipal sob sigilo, segundo Eliana. O outro permanece no Haiti.

Segundo a Interpol, entre janeiro de 2009 e novembro de 2010, pelo menos 50 crianças haitianas entraram no Brasil por guichês de imigração dos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo; de Confins, em Minas; do Galeão, no Rio de Janeiro; e de Manaus.

“Queríamos que fosse feito um estudo social, com cooperação internacional da Guiana e do Haiti, para descobrir qual seria a melhor solução para o garoto, pois não sabíamos em que circunstância a mãe tinha contratado os coiotes, se teria envolvimento. Mas depois da reportagem, vimos que ela parece não ter participado do crime, foi realmente enganada, e nada melhor para o menino do que ficar com a mãe”, afirma a promotora.


Eliana diz que o Ministério Público trabalha para que o outro filho de Dieula, que está em Fundo dos Negros, no interior do Haiti, também se junte à família. “A única referência que o garoto tem é o irmão, que brincava com ele, e o avô, que é muito idoso e não tem mais condições de criá-los. O fato dele continuar longe do irmão dificulta a recuperação”, diz.


Crianças africanas
Segundo a promotora, há também cinco crianças africanas, que foram vítimas de tráfico de pessoas, protegidas em abrigos para crianças em risco. Os menores, diz, entraram sem registro no Brasil. Dentre o grupo há duas adolescentes foram trazidas para exploração sexual .
“Estas crianças falam outra língua e não sabemos nem de que países vieram. Não sabemos nem seus nomes, porque elas não falam. Foram engendradas em uma coisa tão grave que não querem voltar, ficam com medo”, diz ela.

“Estamos há meses investigando e ainda não descobrimos nada. Não há registro da entrada deles, nem seus nomes aparecem nas listas das companhias aéreas, não há fotos na imigração, nenhuma informação”, afirma a promotora.


“O tráfico de pessoas sempre existiu, para trabalho escravo, tráfico de órgãos, abuso sexual. Mas faltava visibilidade ao assunto”, crê Eliana.
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