O Dia Mundial do Doador de Sangue é comemorado nesta terça-feira (14). Época em que as doações caem cerca de 30%, no Paraná, por causa do frio.

O ideal de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é que 3% da população do país sejam doadores frequentes, mas no Brasil – conforme dados do Ministério da Sasúde - a porcentagem é de 1,9%.

Em Curitiba, de acordo com o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), existem cerca de três mil doadores fidelizados para uma população de 1.678.965 pessoas.

Há seis anos Luciane Piovezan luta contra uma leucemia. Ela necessita de transfusões sanguíneas a cada 45 dias, em média. “Tem semana que eu faço diariamente”, contou Luciene que tem 40 anos e duas filhas, uma de 15 e outra de 12 anos.

Luciane faz campanha frequentemente em Curitiba para mobilizar a população em prol da doação. Segundo ela, as pessoas devem ser solidárias porque nunca se sabe quando vai precisar. A doação não é destinada apenas aos doentes, mas também às vítimas de acidentes e de violência, ressaltou a ex-funcionária bancária, que hoje é aposentada.

Em entrevista ao G1, Luciane afirmou que diversas vezes precisou de transfusão, mas não havia sangue disponível. Neste caso, os efeitos são físicos e dolorosos. Ela contou que sente muita fraqueza e tem hemorragias. “Várias vezes tive que correr atrás do Corpo de Bombeiro, amigos, Movimento de Escoteiro para conseguir sangue. Minha vida depende disso”.

Na segunda-feira (13), o Ministério da Saúde divulgou uma portaria na qual é estendida a faixa etária para doadores de sangue. A partir de agora, jovens entre 16 e 17 anos - mediante autorização dos pais ou responsáveis - e idosos com até 67 anos, 11 meses e 29 dias podem doar sangue. Pela norma anterior, a doação era autorizada para pessoas com idade entre 18 e 65 anos de idade.

O diretor geral do Hemepar Paulo Roberto Haschback acredita que a medida vai auxiliar a manutenção dos estoques de bolsas de sangue. Ele ressaltou que com a expectativa de vida, muitas pessoas com 67 anos estão saudáveis e os jovens já possuem porte físico que permitem a doação.

Haschback afirmou que o brasileiro, diferente dos europeus, não tem o hábito de doar sangue. Segundo o diretor geral do Hemepar, as companhas visam conquistar doares assíduos, que doem pelo menos duas vezes por ano.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná, o ideal seriam 150 doações por dia, mas dados apontam para 100 doações em média.

No caso do químico Carlos Antônio Fior, de 57 anos, o hábito existe desde 1986 quando ele decidiu ser um doador de sangue. Segundo ele, não houve um motivo especifico. “Eu fui lá e comecei a doar frequentemente”, relatou.

Há dez anos, Carlos doa para a mesma pessoa. Um rapaz catarinense que possui Talassemia, uma doença hereditária que causa anemia, em alguns casos severa. Hoje o rapaz tem 18 anos, mas recebe o sangue de Carlos desde os oito anos. “Quando eu soube que era uma criança, fiz questão de conhecer”, disse o químico.

Segundo Carlos, as pessoas perguntam por que ele doa sangue ele responde que a pergunta deveria ser “por que as pessoas não ajudam as outras?”. “Será que falta educação, civismo ou sensibilidade”, questiona Carlos.

A quantidade de sangue que é retirada de cada doador varia conforme peso e altura, mas a média é de 400 ml. São 10 minutos de doação, mas o tempo total é de aproximadamente 45 minutos porque há parte clínica e o doador recebe um lanche logo após o procedimento.

No dia da doação é preciso que o doador tenha se alimentado, dormido no mínimo seis horas e ele não pode ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 12 horas. É recomendado ainda evitar o consumo de alimentos gordurosos nas últimas três horas.

No caso dos fumantes, o doador não deve ter fumado nas últimas duas horas.

No Paraná, conforme a lei n.º 13.964/2002 doadores de sangue têm direito a meia-entrada em locais públicos de cultura, em casa de diversões, espetáculos, praças esportivas e similares, esporte e lazer desde que tenha realizado três doações, nos últimos 12 meses. A carteirinha de doador não é suficiente para garantir os descontos.

Quem doa sangue recebe por correio o resultado de alguns exames, que são realizados para verificar se o sangue pode ou não ser utilizado. São verificadas doenças como AIDS, Sífilis, Doença de Chagas, HTLV I/II, Hepatites B e C, além de outro exame para saber o tipo sanguíneo.