Uma mulher de 32 anos briga na Justiça para ter direito de receber os remédios para uma doença crônica. Michelle Aparecida Pereira sofre da Doença de Gaucher, que causa o aumento de alguns órgãos e pode causar anemia, sangramentos no nariz e dores nos ossos. De acordo com Michelle, que mora em Carmópolis de Minas, na Região Centro-Oeste do estado, o fornecimento do medicamento foi suspenso há nove meses pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais.
“Achei que tivesse meu direito garantido de receber a medicação quando comecei o tratamento. A minha doença é progressiva e, por isso, tenho piora na minha condição quando fico sem remédio. Fico muito insegura com esta situação, com medo de nunca mais voltarem a fornecer corretamente”, lamenta.
Ainda segundo Michelle, ela começou a receber o medicamento, chamado Miglustat, em abril de 2009 através de uma decisão judicial, mas a secretaria recorreu da decisão e o fornecimento foi suspenso em setembro de 2010.
De acordo com a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, a decisão judicial mostrou que faltava uma prova pericial que possibilite provar que Michelle precise do medicamento Miglustat. A secretaria informou que aguarda o pedido judicial para fazer a pericia.
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), nesta segunda-feira (13), foi pedido à Michelle que envie receitas atualizadas e informações que provem o uso do medicamento anteriormente.
Michelle Aparecida alega que perdeu o emprego por causa das faltas constantes no trabalho, que foram causadas pelas dores ósseas da falta do medicamento. “Eu descobri a doença quanto tinha oito anos. Sempre fui muito insegura. Não tinha esperanças de viver até os 30 antes de chegar esse medicamento. Mas estou muito desanimada. É um erro, mas você perde as esperanças. Já passei por todos os estágios da doença.”, disse.
Gaucher
A doença é o depósito de produtos da decomposição de gorduras no corpo chamados glicocerebrosídeos. O excesso acontece nos órgãos por um mau funcionamento das enzimas que participam do metabolismo dos lipídios e causa um crescimento do fígado e do baço, além de tornar a pele mais parda.
A medula óssea também pode ser sofrer com dores e até ser destruída, o que pode levar a anemias e complicações fatais ao portadores.
Há três variedades conhecidas da doença. A forma mais grave é o tipo 2, a forma infantil, que pode provocar aumento do baço e alterações no sistema nervoso que geralmente causam óbitos antes de 1 ano de idade.
Trata-se de um problema hereditário e congênito - presente desde o nascimento da pessoa.