O homem que pilotava o barco Comandante Sales, que naufragou em maio de 2008 com mais de 90 pessoas no rio Solimões, vai a júri popular em Manacapuru (AM). O julgamento, inédito em casos de acidentes fluviais na Amazônia, acontece na próxima quarta-feira. Houve 48 mortes no acidente.

Luiz Alves de Sales, que está em liberdade, é acusado de homicídio por dolo (com intenção) eventual por dirigir a embarcação embriagado, sem habilitação para pilotar, sem coletes salva-vidas, sem autorização da Marinha e com superlotação de passageiros.

O naufrágio aconteceu em 4 de maio de 2008. O barco, que estava clandestino, tinha capacidade para transportar 50 pessoas. No meio do rio Solimões, não suportou um remoinho, movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas ou ventos, e afundou.

Inicialmente, o nome do piloto Luiz Alves de Sales entrou na lista dos 48 passageiros mortos. Depois a Polícia Civil descobriu que ele estava vivo e escondido em Manaus. Preso, Sales cumpriu preventiva de maio a setembro.

No caso de uma condenação pelo júri popular, as penalidades contra o piloto pode chegar de 6 a 20 anos de detenção. O barco pertencia ao irmão dele, Francisco, que morreu no acidente. A reportagem não localizou Luiz Sales para falar.

De 2005 a março de 2009 houve 183 acidentes com embarcações no Amazonas, segundo a Marinha. Morreram 162 pessoas, sendo 130 em naufrágios. O mais recente acidente aconteceu no último dia 5. O barco Dona Zilda naufragou no rio Amazonas, em Itacoatiara (277 km leste de Manaus).

A embarcação transportava 47 pessoas --nove além do limite máximo. Três passageiros morreram e três estão desaparecidos. Ontem, o Corpo de Bombeiros suspendeu as buscas com mergulhadores, mas mantém uma equipe de barco no local do acidente.