A partir deste fim de semana está proibido paquerar na praça numa cidade do interior de Mato Grosso do Sul. A ação é um evento tradicional em Itaporã, que não tem cinema, teatro ou boate. A polêmica medida foi determinada por um juiz e os jovens ficaram sabendo pelo rádio.

"Paquera" é como a cidade sempre chamou esse programa, tradição de 25 anos. Segundo o organizador do evento, mais de mil jovens se reuniam ao som de música alta. No palco, apresentações de bandas e teatro. A festa começava depois da missa de domingo, por volta das 20 horas. Deveria terminar às 23h, mas segundo a Polícia Militar, sempre ultrapassa o horário permitido.

O juiz decidiu acabar com a “paquera” depois de uma confusão, no último fim de semana, na praça central onde um homem acabou morto, com um tiro no peito. A portaria publicada esta semana proíbe aglomeração de adolescentes e adultos com bebidas alcoólicas e aparelhos de som em alto volume. Quem desobedecer pode ser preso.

"Brigas, lesões corporais, sexo explícito nos bancos da praça, uso de bebidas alcoólicas por menores e uso de drogas também”, explica o juiz Adriano da Rosa Bastos.

A medida passa a valer a partir deste fim de semana. “Lá a gente ia se divertir, encontrar os amigos, era um modo da gente se descontrair sem gastar nada. Agora vou ter que sossegar ficar um pouco mais em casa”, diz Taísa Leão Pedrine, estudante de 16 anos.

“As pessoas não estão proibidas de namorar, de paquerar na praça, nada disso. Mesmo porque essa proibição seria muito arbitrária de minha parte. O que não pode é haver algazarra que havia antigamente”, completa o juiz.

Em nota, a OAB de Mato Grosso do Sul criticou a medida do juiz e pediu a revogação da portaria. O órgão entende que manter a ordem pública é atribuição de todos os poderes e nesse caso não necessitava de ordem judicial.