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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

Notícias | Copa 2014

Grandes eventos podem alavancar esporte brasileiro

Com a proximidade da Copa do Mundo de Futebol (2014) e dos Jogos Olímpicos no Brasil (2016), muito tem sido dito à respeito de investimentos em estrutura, logística e complexos esportivos para receber as competições. Porém, a discussão sobre um velho problema para o esporte brasileiro parece ter ficado em segundo plano: o investimento na formação de atletas. Mesmo com a criação da Lei Federal de Incentivo ao Esporte (n.º 11.438/2006), dos R$ 424 milhões destinados para este fim, entre janeiro de 2007 e dezembro do ano passado, apenas 40% foi captado.


A Lei Federal permite às empresas a destinação de 1% do Imposto de Renda devido para projetos de esporte de rendimento, educacional ou de participação. Porém, de acordo com profissionais da área esportiva, as regras são muito burocráticas e criam entraves para a plena captação e utilização dos recursos. Quem também pensa dessa forma é o gerente de esportes da AFESBJ, instituição parceira da equipe de Handebol masculino FAE Blumenau/Foz do Brasil/FMD, Glauco Foltran. "A lei trouxe muitos avanços para o esporte, porém, é de difícil aplicação. Somente as grandes empresas pagam Imposto de Renda sobre o lucro real e muitas buscam apenas projetos sociais e não apóiam os projetos esportivos de rendimento", analisa.

O projeto desenvolvido com a equipe FAE Blumenau/Foz do Brasil/FMD figura como exemplo de sucesso quanto à parceria entre a iniciativa pública e privada. A equipe é mantida pela Fundação Municipal de Desportos de Blumenau (FMD) e há quatro anos é patrocinada pela FAE Centro Universitário e, neste ano, fechou parceria com a empresa Foz do Brasil, do grupo Odebrecht.

Em quatro anos, a FAE Blumenau/Foz do Brasil/FMD conquistou o título estadual de Handebol catarinense (2008), o título inédito da Copa do Brasil neste ano e o 5º lugar na Liga Nacional. "Os títulos são muito importantes, mas não podemos esquecer que todo o investimento dos nossos parceiros também proporciona o acesso das categorias de base aos campeonatos estaduais de handebol. Ou seja, muitos jovens são beneficiados com o esporte", conta Foltran. O coordenador também explica que apenas em Blumenau (SC) são quatro pólos em escolas públicas e cerca de 250 alunos em treinamento. Desses locais de formação, os pequenos atletas são convocados para um centro de treinamento que é cedido e mantido pela Prefeitura de Blumenau, por meio da FMD. Este modelo de formação de atletas no esporte de Blumenau é considerado um dos melhores do país.

Desse projeto surgiram muitos frutos para o handebol, preparando atletas para as seleções brasileiras de base (juvenil e júnior). "Também temos atletas de destaque na categoria adulta, como o Arlindo Fagundes, com várias passagens pela Seleção Brasileira, e o Daniel Baldacin, que participou de Mundiais e Olimpíadas, por exemplo", destaca Foltran. Outros talentos também começam a surgir na equipe blumenauense, como é caso de Rudolph Hackarth, recém convocado para a Seleção Brasileira Juvenil e que vem sendo sondado por grandes clubes.

Incentivo deve começar nas escolas
Mas nem todos os clubes, independente do esporte que desenvolvem, conseguem parcerias tão promissoras. Um pouco porque nem todos os estados da federação possuem leis específicas de incentivo ao esporte. "Há estados como São Paulo e Santa Catarina, por exemplo, que têm leis estaduais de incentivo muito interessantes, baseadas no ICMS. Desta forma, o investimento pode ser maior, pois é mais atrativo para os empresários", afirma Foltran, que também reconhece os esforços de alguns órgãos que regem o esporte brasileiro. "Os governos estão tentando fazer a sua parte e a iniciativa privada está acordando agora. Porém, o foco ainda está muito no futebol e o esporte amador é esquecido", lamenta.

De acordo com Foltran, para mudar esse panorama difícil é preciso começar o apoio ao esporte dentro das escolas, investir mais nos jogos escolares e universitários e ter atenção especial quanto à organização e seriedade destas competições. "Isso também passa pela mudança de cultura, ou seja, valorizar mais os esportes olímpicos, principalmente na mídia. Penso ainda que as leis de incentivo serão essenciais para o futuro do esporte, pois, sem elas, o patrocínio e apoio da iniciativa privada é mais difícil, pois o empresário perde interesse em esportes com menos status", opina. Para Foltran, a expectativa é que o esporte brasileiro se modernize nos próximos anos. "O panorama está mudando, principalmente com a chegada dos megaeventos esportivos e com os bons exemplos partindo de empresas conscientes de sua responsabilidade, pois o esporte de competição também é ‘responsabilidade social’, afirma.
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