O presidente do Detro, Rogério Onofre, encerrou nesta terça-feira (27) sua função de interventor do sistema de bondes afirmando que o investimento na recuperação do transporte tradicional de Santa Teresa, bairro do Centro do Rio, priorizará a segurança.

O modelo de bonde a ser adotado, segundo Onore, terá que unir a tradição com a segurança. Ele disse que o prazo mínimo para a volta ao funcionamento dos bondes é de um ano.

A comissão de intervenção propõe que os novos bondes tenham estribos retráteis para evitar que passageiros viagem sobre eles, diminuindo o risco de acidentes, e o monitoramento da frota por GPS. A comissão também sugere a instalação de câmeras e de sistema de bilhetagem eletrônica nos bondes.

Rogério Onofre apresentou um trabalho de três mil páginas realizado pela comissão de intervenção sobre os problemas encontrados no sistema.

Segundo disse na manhã desta terça, um mês depois do acidente com o bonde que provocou a morte de seis pessoas e deixou mais de 50 feridos, ele ficou perplexo com a situação do sistema já nos primeiros dias de apuração das causas do acidente.

"É preciso fazer rigorosamente tudo para recuperar o sistema", disse.

Por sua vez, o chefe da Casa Civil, Régis Fichtner, afirmou que o serviço de bondes deveria ter sido parado tempos atrás para reforma.

"O governo admite seu erro e agora vamos tomar as providências para que isso não mais aconteça", afirmou.

Sete pastas
Nos documentos que estão em sete pastas, há a análise da situação em que se encontravam os bondes, sugestões para solução dos problemas e o resultado da visita a Lisboa, em Portugal, onde técnicos conheceram o sistema de bondes operado pela Carris. O documento será entregue ao governador Sérgio Cabral e ao presidente da Central, Eduardo Macedo.

Segundo Macedo, a viagem a Lisboa foi muito proveitosa pois a cidade tem semelhanças geográficas com Santa Teresa.

"A Carris foi inclusive criada no Brasil em 1872. Vamos estudar a situação e se for o caso poderá haver cooperação técnica de Portugal", disse.

Repasse de R$ 31 milhões
Os recursos para a reforma dos bondes chegam a R$ 31 milhões a serem repassados pelo Detro, anunciou Onofre.

Ele explicou que serão liberados neste momento R$ 20 milhões e R$ 11 milhões no ano que vem. Para ele, um dos principais problemas encontrados na Central Logística foi a má gestão.

"Nesses casos, não há recursos que sejam suficientes", disse ele, explicando que Eduardo Macedo se dedicará à empresa em tempo integral.

Municipalização
Segundo informou, ele encontrou na Central bons projetos prontos para serem adotados. Perguntado sobre por que esses projetos não foram implantados, ele respondeu que só o secretário de Transportes, Júlio Lopes, poderia responder.

Ele disse ainda que, assim que o sistema for recuperado, o governador Sérgio Cabral se reunirá com o prefeito Eduardo Paes para negociar a municipalização do sistema.

O acidente
No dia 27 de agosto, um bonde tombou na Rua Joaquim Murtinho provocando a morte de seis pessoas e deixando mais de 50 feridos.

No dia 19 passado, o presidente do Detro, Rogério Onofre, que também era interventor do sistema de bondes, anunciou que 16 bondes serão reformados, os trilhos serão trocados em toda a via por um tipo mais seguro que os atuais, toda a via aérea e o cabeamento elétrico serão recuperados, uma nova subestação será construída e as estações, reformadas. O Ramal do Silvestre será reativado para a interligação com o bondinho do Corcovado, anunciou o Detro.