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Domingo, 28 de julho de 2024

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Carro de universidade federal é flagrado dentro de motel no Paraná

Na tarde de 6 de dezembro (terça-feira), um veículo Nissan Grand Livina foi filmado pelas câmeras de segurança dentro do motel Bellagio, em Foz do Iguaçu (PR). O motorista do carro hospedou-se na suíte número 208, chamada de “Erótica”. Durante a estadia, comprou um preservativo e uma água.

Foto: Divulgação

Apesar do veículo estar registrado em nome da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o carro pertence à Unila.

Apesar do veículo estar registrado em nome da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o carro pertence à Unila.

Na tarde de 6 de dezembro (terça-feira), um veículo Nissan Grand Livina foi filmado pelas câmeras de segurança dentro do motel Bellagio, em Foz do Iguaçu (PR). O motorista do carro hospedou-se na suíte número 208, chamada de “Erótica”. Durante a estadia, comprou um preservativo e uma água. Gastou R$ 79. A situação seria trivial, não fosse um detalhe inusitado: o carro de cor prata 2011, AUA-3580, pertence à Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). O carro, que tem chapa branca e a inscrição “Brasil” no alto da placa, entrou por volta das 13h e saiu por volta das 16h30, horário de expediente na Unila. O combustível ficou por conta do contribuinte. Mas quem conduzia o carro da universidade numa incursão de lazer? ÉPOCA fez essa e outras perguntas sobre o uso de um bem público ao reitor da universidade, Hélgio Trindade, mas ele não respondeu aos questionamentos. Um assessor do reitor disse que a Unila tomou conhecimento de denúncia anônima sobre a passagem do Livina pelo motel e está apurando os fatos.


Ex-coordenador de administração da Unila, Anderson Santos afirma que, na tarde do dia 6, o carro estava sob os cuidados do procurador federal na Unila, Marcelo Cardoso Nassar. Servidor de carreira da Advocacia Geral da União (AGU), Nassar está cedido à universidade desde agosto de 2010. “Ele disse a assessores que precisava do carro para buscar procuradores no aeroporto de Foz do Iguaçu. No pedido não havia solicitação de um motorista para guiar o carro”, diz Santos. “Ele (Nassar) devolveu o carro por volta das 17 horas”. Nassar é responsável por emitir pareceres sobre a legalidade de atos e decisões da Unila, além de defendê-la na justiça e em tribunais de contas. Nassar não atendeu aos pedidos de esclarecimentos feitos por ÉPOCA. 

nformações contidas em e-mail do pró-reitor de Administração da Unila, Gláucio Roloff, reforçam os indícios de que o Livina estava sob o cuidado de Nassar. Na mensagem, Roloff autoriza Procuradoria na Unila a substituir um carro Vectra pelo Livina. O e-mail de Roloff foi encaminhado às 11:57 do mesmo dia em que o carro foi visto no motel. O assunto do e-mail de Roloff é: “Troca de carro procurador”. Roloff não respondeu a ÉPOCA por que emprestou o carro naquele dia. Disse que não poderia dar informações antes de o processo administrativo instaurado para investigar a denúncia ser concluído.

O pedido de substituição do veículo provocou desconfiança na universidade. Isso porque o Vectra, normalmente utilizado pelo procurador, tem condições de servir à maioria dos deslocamentos. Uma grande diferença entre os dois carros é a identificação lateral com a frase “Uso exclusivo em serviço”, item obrigatório em todos os veículos da frota do governo federal. Enquanto no Vectra o adesivo com a inscrição é fixo, no Livina a identificação está numa manta magnética móvel. Ou seja: pode ser facilmente colocada e retirada. Pelas imagens obtidas com a câmera do motel, não é possível ver a identificação “Uso exclusivo em serviço”. Os investigadores suspeitam que a troca de carro tenha sido feita justamente para dificultar a caracterização de que se tratava de um veículo do governo. Nos documentos, o carro ainda está registrado em nome da da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mas na prática já pertence à Unila.

Suspeitas sobre uso irregular de veículos são recorrentes na Unila. O procurador Marcelo Nassar já foi flagrado ao utilizar um Vectra da universidade num domingo, com a família. O episódio ocorreu na porta de um supermercado. Nassar também já pediu carros ao pró-reitor Roloff para transportar servidores da AGU em visita à região. Apesar de os pedidos não terem relação direta com os propósitos da universidade, Roloff costuma atender a Nassar.

Outro servidor graduado suspeito de ter usado carro da Unila indevidamente é o superintendente de implantação da universidade, Paulino Motter. ÉPOCA apurou que Motter, quando desempenhava o cargo de pró-reitor, utilizava um veículo da frota da universidade para se deslocar de sua residência até a universidade. Motter confirmou a história a ÉPOCA. Mas disse que não havia alternativa de transporte público e, em razão das responsabilidades do cargo, nunca tinha hora para sair. “Jamais utilizei veículo oficial da Unila para finalidade outras que não aquelas inerentes às minhas funções como pró-reitor”, afirma.

A Unila foi criada em janeiro de 2010 com um conceito inovador: prover boa qualidade de ensino e estimular a interação entre estudantes brasileiros e estrangeiros. Até agora, no entanto, tem sido reprovada nos quesitos moralidade e zelo com o dinheiro público. Logo após ÉPOCA pedir informações ao pró-reitor, Gláucio Rolloff, sobre o uso do Livina, o servidor Anderson Santos foi exonerado da universidade. Santos foi o responsável por alertar a direção da universidade de que havia uma denúncia sobre uso indevido do Livina no motel.
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