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Domingo, 28 de julho de 2024

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Indústria se recupera, mas Friburgo vive risco de nova tragédia

Um ano depois das enchentes que atingiram a região serrana do Rio e provocaram mais de 900 mortes, o município de Nova Friburgo, o mais atingido pela tragédia, com 426 mortos, vive um período de contrastes. Um rápido passeio pela cidade basta para perceber que pouca coisa foi feita para evitar uma repetição do que ocorreu um ano atrás e que os riscos de novas tragédias são iminentes.


As obras de contenção de encostas não foram feitas e a população pobre continua a morar ao lado dos morros que sofreram deslizamentos no ano passado. O rio Bengala, que cruza a cidade, está assoreado e o mato e lixo se acumulam nas margens.

Por outro lado, a indústria instalada na cidade se recuperou rapidamente. O polo de moda íntima, que representa 30% da indústria fluminense de confecções, funciona a todo o vapor. A indústria metal-mecânica, segunda maior fonte de renda da região, registra crescimento acima de dois dígitos em 2011. A retomada se deu graças a setores industriais em plena expansão no país, como a construção civil e a petroquímica.

Como nem todas as fábricas de confecções foram afetadas pelas enchentes - só aquelas que ficavam próximas ao rio ou à beira de encostas onde houve deslizamentos de terra -, as lojas do setor retomaram os negócios um mês depois da tragédia. Os turistas não voltaram imediatamente, mas o cliente que dependia da compra para revender, voltou a fazer pedidos já nos primeiros dias de janeiro de 2011.

"Logo na primeira semana, começamos a receber telefonemas de clientes do Rio e de outros Estados, perguntando se estávamos funcionando. Chegamos a enviar produtos pelo correio para quem tinha medo de subir aqui", conta Shirley Albuquerque, gerente da Suspiro Íntimo.

A loja só ficou uma semana fechada, porque a região onde está concentrada a maioria das revendas não foi afetada. "O turista demorou a aparecer. Temos outra filial na praça do Suspiro (abaixo do teleférico que desabou e está até hoje em ruínas), que não está vendendo muito."

Na Lingerie.com, a retomada das vendas demorou um pouco mais. "Foram quatro ou cinco meses até engrenar", relata a gerente Andrea Garcez. "Mas depois, o movimento se aqueceu. Neste Natal, vendemos o dobro do ano passado. Estava lotado de turistas, abrimos todos os dias." Cynthia Silveira, gerente da Belíssima, conta que as lojas da rede não foram afetadas. "Recuperamos as vendas do ano anterior e conseguimos ainda faturar 20% a mais."

Todos reclamam, no entanto, da falta de investimentos na recuperação da cidade. "A tragédia ainda está muito presente, as pessoas têm medo da chuva e se afastam", reclama Cynthia, ao se referir às chuvas fortes do fim de ano, que provocaram novos transbordamentos do córrego dos Dantas, numa área mais pobre da cidade. "Os governantes não fizeram nada. A cidade está largada. Assim, os turistas não voltam", acredita Shirley.

No fim de semana deste Ano Novo, o índice pluviométrico em Nova Friburgo atingiu 135,2 milímetros entre zero hora de domingo, dia 1º, e 4h de segunda-feira, dia 2. Esse índice representa mais da metade da média de chuva prevista para o mês de janeiro, em pouco mais de 24 horas. Por causa da chuva, aproximadamente 300 pessoas precisaram deixar suas casas.

Em janeiro do ano passado, as chuvas em Nova Friburgo atingiram 182,8 milímetros em apenas 24 horas. Foi o maior índice registrado na história da cidade.
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