Vítor Suarez Cunha, de 21 anos,que passou por uma cirurgia em que teve 63 pinos implantados no rosto por causa do espancamento que sofreu deixou o hospital na tarde desta quarta-feira (8).
Vítor se emocionou, chorou e disse que não considera seu ato heroico. "Não fiz nada demais, fui lá conversar, faria isso amanhã, faria hoje, se visse a mesma coisa. Vi uma pessoa sendo agredida e eu pedi para parar e aconteceu o que aconteceu", afirmou.
Ele fez questão de agradecer a todos que rezaram e torceram por ele, e à equipe médica, que mereceu elogios. "Eu quero comer, comer hambúguer, entrar na internet, ver televisão", completou.
Segundo o Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador, ele recebeu alta de acompanhamento ambulatorial e terá de retornar à unidade em dez dias.
Ele estava internado na unidade após ser agredido na madrugada de sexta-feira (3), também na Ilha, ao defender um mendigo que era importunado por um grupo de cinco jovens. Vítor levou vários violentos chutes no rosto.
Um quinto acusado de agredir o jovem se entregou à polícia na tarde desta quarta-feira, segundo o delegado titular da 37ª DP (Ilha do Governador), Deoclécio de Assis Filho, que investiga o caso. Outros quatro suspeitos do crime já estão presos.
'Traumatizado'
O cirurgião Silvério Moraes, que operou o estudante, disse que o estado clínico de Vítor evolui bem, e ele não ficará com sequelas físicas ou neurológicos. Porém, o cirurgião recomenda que o rapaz passe por um tratamento psiquátrico, pois, segundo disse, está muito abalado:
"Ele viu a morte de perto e está traumatizado. Quando tenta dormir, volta tudo à cabeça", disse,
Segundo o cirurgião, em cerca de uma semana Vítor passará por novos exames para ver ser já é possível a retirada dos pontos. Em casa, ele terá de tomar medicamentos, ficar em repouso, deitado em cama com cabeceira elevada e com dieta líquida e pastosa.
Os suspeitos
O quinto acusado de agredir o jovem, Edson Luiz Júnior, se entregou à polícia na tarde desta quarta-feira, segundo o delegado titular da 37ª DP (Ilha do Governador), Deoclécio de Assis Filho, que investiga o caso. Na tarde de terça-feira (7), o quarto suspeito, Felipe Melo dos Santos, se apresentou à 37ª DP e foi preso. Outros três suspeitos também estão presos: William Nobre Freitas, Tadeu Assad e Rafael Zanini Maiolino.
Também na terça, o delegado ouviu o soldado da Aeronáutica Yuri Ribeiro. Ele usou a internet para prestar solidariedade a dois amigos presos e fazer ameaças. A Aeronáutica já abriu sindicância para apurar o caso e, em nota, informou que ele poderá ser excluído da Força Aérea Brasileira (FAB).
A polícia identificou mais um jovem que não teria participado das agressões, mas teria visto tudo sem fazer nada para impedir as agressões do grupo. Ele também será intimado a depor.
Vítima quer voltar à vida normal
Na terça-feira (7), Vitor conseguiu falar com dificuldade. Sem querem comentar as agressões que sofreu, disse apenas que quer "voltar a fazer as coisas que fazia."
"Estou melhorando, mas tem todo esse processo ainda para eu me acostumar, com a cirurgia. Mas, em vista de tudo, estou ótimo. Quero voltar a fazer as coisas que eu fazia, poder comer o que eu comia, sair, ver televisão", disse o jovem no quarto do Hospital Santa Maria Madalena.