No feriado do Dia do Trabalhador, o G1 procurou descobrir se exercer a profissão dentro da própria casa traz benefícios. A proximidade da família pode levar a resultados positivos se o tempo entre a vida profissional e a pessoal for equilibrado.

A consultora de Recursos Humanos de Sorocaba, Maria Elizabeth Vergílio, realça que é importante impor limites quanto o assunto é o trabalho dentro de casa. “É preciso delimitar o espaço da sua casa para não virar tudo apenas uma única coisa. Você precisa saber até que ponto isso é o seu trabalho e até que ponto isso já está invadindo sua família, seu lado pessoal”, comenta.

A profissional também alerta para a infelicidade que a perda de limites, desse espaço, pode trazer para a vida do profissional. “Se não há uma separação a pessoa acumula e no fim tudo que era pra ser maravilhoso, trazer benefício, acaba sendo uma infeliz escolha, porque os problemas do lado profissional e pessoal acabam se misturando”, explica.

Um fator essencial para Elizabeth é a divisão do tempo. Ela acredita que todos devem separar as 24 horas do dia em três partes: 8h para dormir, 8h para o lazer e 8h para o trabalho. “Muitas pessoas não fazem a divisão, se complicam, entram em um estresse absurdo. Elas precisam se readequar para que assim o trabalho possa render mais e trazer qualidade de vida”, relata.

Já no âmbito de quem consegue essa logística melhor, a consultora é enfática. “As mulheres que trabalham em casa conseguem mais esse gerenciamento. Elas sabem lidar melhor com os problemas, com os tempos e ainda por cima cuidam dos filhos. Elas conseguem amenizar de certa forma, conseguem ser mais 'responsáveis'”, finaliza.

Em Bauru (SP), a massoterapeuta Rose Villanova, de 42 anos, é um exemplo perfeito de união familiar e profissional. Há quase dois anos ela deixou de atender as clientes em uma sala alugada e montou a clínica no antigo “quartinho da bagunça” dentro de casa, no Jardim Beija Flor. “Decidi mudar de lugar também por conta da economia. Estar em casa tem sim muitas vantagens. Além de poder dividir as tarefas entre o atendimento profissional e as do lar, dá para controlar melhor as despesas dos dois lados”, disse.

Rose conta que a relação com os clientes se tornou ainda mais próxima. “Quando as pessoas chegam para ser atendidas precisam passar pela casa toda. Algumas aproveitam e tomam café na cozinha. Outras, às vezes, almoçam com a gente. Também tenho clientes que trazem as filhas para ficar conversando com as minhas. Acaba se tornando uma grande amizade”.

Além de deixar as pessoas mais relaxadas com a massagem, Rose aproveita para oferecer outros produtos. “Aqui também vendo lingerie, cosméticos. Aproveitamos o tempo e mostramos os demais itens que temos. É uma boa saída para aumentar o rendimento sem sair de casa. Tem que ter flexibilidade para atender. A família me ajuda muito”, conta.

Por isso, dividir os trabalhos é importante para não deixar que nenhum deles seja feito pela metade. Apoio dos familiares é sinal que bons frutos possam ser colhidos para o futuro de todos. Aliar trabalho profissional e particular não é para qualquer um. Mas quem consegue como Rose, se sente mais feliz. “Estou feliz com o resultado. Tenho clientes que são amigas. Tudo conquistado com o trabalho dentro de casa”, completa a massoterapeuta.

Já a jornalista Soloni Rampin teve que estabelecer critérios para se dar bem trabalhando em casa. A atual assessora de imprensa comenta que o lado pessoal tinha muito influência. "O mais difícil de trabalhar em casa é dividir o pessoal do profissional. No começo eu trabalhava de pijama, não tinha muitas regras, parava o que estava fazendo pra fazer coisas da casa. Depois eu vi que isso não dava certo, daí me criei uma rotina: eu acordava cedo, ia para academia, voltava, tomava banho, vestia uma roupa mais séria - tipo calça jeans e uma blusa - como se eu fosse sair pra trabalhar, e só atendia aos telefonemas que fossem do trabalho. Criei horários pra acordar, pra almoçar, e até pra parar de trabalhar, rotinas, porque, se não, não funcionaria", comenta.