Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) sobre o uso de drogas ilícitas no mundo, divulgado nesta terça-feira (26) simultaneamente em vários países, aponta o Brasil como parte das principais rotas da exportação da cocaína produzida na América latina para a Europa.
De acordo com o levantamento da ONU, a droga costumava ser exportada direto da Colômbia principalmente para a Espanha e Países Baixos. A tendência observada agora é que a Colômbia está diminuindo seu papel na produção de cocaína e sendo substituída por Peru e Bolívia. A droga produzida nesses dois países, segundo o relatório, vai para o hemisfério norte através da Venezuela e países do Caribe e também através do Brasil.
O relatório destaca o crescimento da associação de traficantes nigerianos com o tráfico no Brasil, principalmente em São Paulo. De acordo com o documento “grupos nigerianos também se tornaram ativos na exportação de cocaína do Brasil, notavelmente de São Paulo, para destinos na África e na Europa”. A ONU aponta também que, por afinidade de idioma, os traficante brasileiros negociam com traficantes de outros países do oeste da África, que encontraram Portugla como porta de entrada para a droga na Europa.
O fato do Brasil ser usado como rota para o tráfico justifica, segundo a ONU, o aumento na quantidade da droga apreendida no país nos últimos anos. As apreensões federais no país, de acordo com o relatório, mais do que triplicaram desde 2004, chegando a 27 toneladas em 2010. Ainda segundo o estudo da ONU, há indícios de que o consumo de cocaína também tenha aumentado no Brasil. Mas o relatório não aponta um número exato de usuários. A ONU explica que “levantamentos de dados recentes não estão disponíveis no Brasil, mas a preocupação com o aumento do consumo de cocaína no Brasil está refletida no programa nacional do país.”
Ainda de acordo com o relatório, o uso da droga cresce à medida que aumenta o poder aquisitivo da população, principalmente a população jovem. Por isso aumentam os usuários de cocaína nos países emergentes. Na América do Sul, o estudo destaca crescimento na quantidade de usuários no Cone Sul, países mais ricos. E, no Cone Sul, se destaca o Brasil . Aqui no país, a região sul, por ter maior poder aquisitivo, é também a que possui mais usuários da droga, de acordo com o relatório. De acordo com a ONU, entre 0,5% e 1,0% da população brasileira faça uso da droga, o que é considerado, pelo relatório, um nível médio de usuários na comparação com o resto do mundo.
Maconha
O Brasil aparece também no relatório como um dos maiores mercados de maconha nas Américas. De acordo com o levantamento, a maioria dos países nas Américas do Norte, Sul e Central apresentaram aumento na apreensão da droga em anos recentes. Mas o aumento mais significativo ocorreu na América do Sul. "Na Colômbia, por exemplo, as apreensões aumentaram de 209 toneladas, em 2009, para 255 toneladas, em 2010; o Brasil registrou a apreensão de 155 toneladas da erva de cannabis, em 2010; e no Paraguai, onde o cultivo extensivo de cannabis foi relatado, as apreensões chegaram a 84 toneladas, em 2009", afirma o texto.
Estimulantes sem prescrição
O relatório aponta também para o abuso, considerado preocupante pela ONU, de remédios estimulantes sem prescrição médica nos países das Américas. Os países do continente americano onde foram constatados os maiores índices de abuso desse tipo de medicação entre 2007 e 2009 foram, na ordem: Estados Unidos, Argentina,Brasil, México e Chile. A ONU ressalta que, na América do Sul, o abuso de estimulantes está ligado ao objetivo de emagrecer.
