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Domingo, 28 de julho de 2024

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Telefonista chamada de 'elefante' no trabalho é indenizada em R$ 8 mil

Telefonista chamada de 'elefante' no trabalho é indenizada em R$ 8 mil
Alvo de piadas dos colegas de trabalho porque é obesa, a telefonista Nahla Camila dos Santos, de 29 anos, decidiu recorrer à Justiça e, na quarta-feira (29), aceitou um acordo proposto pela empresa onde trabalhava para receber R$ 8 mil de indenização.


Nahla, que permaneceu na empresa de mototáxi em Ribeirão Preto (SP) entre 2009 e 2011, disse que pesava 162 quilos na época – hoje pesa 130 – e resolveu denunciar o empregador porque encontrou o desenho de um elefante na parede do banheiro utilizado pelos funcionários. Abaixo da figura estavam as letras “KA” que, segundo a jovem, faziam referência ao seu segundo nome, "Camila".

Primeiro ela procurou a polícia. “Sempre ouvi conversas baixinho, eles se referiam a mim com nomes pejorativos como gorda, elefantinho. Eu ficava mal, chorava e acabei procurando uma psicóloga. Foi ela que me ajudou a não aceitar as ofensas e registrar o boletim de ocorrência”, afirmou.

Orientada pelo escrivão, a telefonista redigiu uma carta relatando ao patrão todos os acontecimentos e pediu que ele assinasse o documento. Como, segundo ela, nenhuma atitude foi tomada, a questão foi levada à Justiça. "Eu ainda aguentei as piadas por mais três meses, até que eles me mandaram embora. E foi essa carta que provou no tribunal que eu realmente era assediada", relatou a telefonista.

Na decisão do processo, o juiz Gustavo Triandafelides Balthazar considerou que "cabe ao empregador propiciar um ambiente de trabalho saudável, tomando as medidas necessárias, inclusive fiscalizadoras, para que nenhum trabalhador tenha sua dignidade abalada."
Nahla Camila recebeu indenização por ser chamada de gorda na empresa onde trabalhava em Ribeirão Preto, SP (Foto: Adriano Oliveira/G1)Nahla recebeu indenização por ser chamada
de gorda na empresa onde trabalhava em Ribeirão
Preto, SP (Foto: Adriano Oliveira/G1)

Empresa
O advogado da empresa de mototáxi, Mário Nelson Perez Júnior, negou que o proprietário não tenha tomado qualquer atitude a respeito da carta escrita por Nahla. Segundo Perez Júnior, o gerente advertiu e, após reincidência, demitiu em julho de 2011 o funcionário responsável pelas piadas preconceituosas contra a jovem, antes mesmo de Nahla ter sido dispensada.

Humilhações
Nahla afirmou que o objetivo da ação judicial era lutar contra o preconceito que sofreu desde a infância por ser obesa. Segundo a jovem, após o nascimento da única filha, há 4 anos, ela entrou em depressão e engordou ainda mais, o que dificultava conseguir um trabalho.

Em uma entrevista de emprego, a gerente de uma rede de lanchonetes chegou a dizer que não poderia contratar uma pessoa “gorda” para vender lanches anunciados como saudáveis. Em outra ocasião, a dona de uma loja afirmou que os uniformes não caberiam nela.

“Eu passava em todas as etapas e nunca era contratada. Fiquei tão desestimulada que ligava nos locais e perguntava se tinham restrição em contratar pessoas obesas. Uma vez a mulher me perguntou: Mas você é gorda quanto?”


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