Olhar Direto

Sábado, 27 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Viúva de Cabo Bruno decide fazer leilão das pinturas do ex-policial

Foto: (Foto: Dayse França)

Obra do ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira; ele assinava as obras com o apelido de infância que o tornou nacionalmente conhecido anos mais tarde.

Obra do ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira; ele assinava as obras com o apelido de infância que o tornou nacionalmente conhecido anos mais tarde.

A viúva do ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo Bruno - morto há quase um mês em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo - vai leiloar em sua página em uma rede social na internet, a partir desta quarta-feira (17), cinco telas pintadas pelo ex-companheiro.


Segundo a viúva Dayse França, estão no acervo a ser leiloado as últimas obras do marido sob posse da família. As telas disponibilizadas para leilão foram pintadas na época em que ele estava preso em Tremembé, e estão guardadas no Vale do Paraíba na casa de parentes.

Ela anunciou que os lances do leilão devem começar a ser dados a partir de meio-dia. A expectativa é que o leilão permaneça aberto até sexta-feira (19). Apesar de não revelar qual é o valor que pretende arrecadar com a ação, ela indicou lances mínimos para a oferta dos quadros - R$ 350.

Dayse, que mudou de Estado após o assassinato do marido, contou ao G1 que lamenta ter que vender as obras, mas que esta foi uma das formas encontradas para recomeçar a vida.

"Mudei com a minha família e estamos todos desempregados, morando na casa de parentes. Espero que a venda dos quadros nos ajude a ter um recomeço, um novo rumo para a vida", afirmou.

Ela contou que uma das obras, a única que não vai a leilão, será guardada como lembrança do marido e de uma das coisas que ele mais gostava de fazer nos últimos anos - se dedicar à pintura. "Quando ele morreu e eu deixei a casa onde vivia, fui embalar as telas e encontrei um bilhete em que ele dizia que quando pintava se sentia um homem livre. Chorei muito", revelou.

Paixão pela pintura
Florisvaldo de Olveira era autoditada e aprendeu a pintar quadros em 1996, quando ficou preso na Casa de Custódia de Taubaté. Os quadros eram vendidos para detentos e parentes de presos.

Na época, o preço das telas de Cabo Bruno chegava a custar R$ 500. As pinturas feitas mostram paisagens, natureza morta e grande parte foi inspirada em telas de pintores famosos como Tarsila do Amaral e Pablo Picasso.

As telas já foram compradas por promotores, juízes e presos famosos, como o ex-controlador do Banco Santos Edemar Cid Ferreira, que também esteve preso na P2 - local onde o ex-PM passou os últimos anos de reclusão - em 2006. Cid era acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Morte de Cabo Bruno
Conhecido por chefiar um esquadrão da morte que atuava na periferia de São Paulo na década de 1980, Cabo Bruno foi assassinado quando saia do carro em frente a casa que morava há 35 dias, desde que havia ganhado a liberdade.

Ele ficou preso 27 anos, sendo 10 anos na penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé acusado de 10 homicídios, uma tentativa de homicídio e um roubo. Ele era suspeito de cometer mais de 50 assassinatos. Ao todo, três equipes da polícia investigam a morte.

Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet