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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

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Sujeira e desorganização afastam turistas do Mercado da Produção

Diferente de outras capitais brasileiras, o Mercado da Produção de Maceió não é ponto turístico. Pelo contrário, segundo os comerciantes do local, visitantes de outras cidades estão cada vez mais escassos. Eles disseram que motivos para a situação vão desde a sujeira até falta de estrutura para receber os turistas.


Inaugurado na década de 70, o mercado funciona no bairro da Levada e abriga centenas de comerciantes. Ele vendem quase tudo, de animais vivos até condimentos. Apesar da variedade de produtos, há anos o local é sinônimo de falta de higiene.

Quem passa pelo mercado pode ver com facilidade a sujeira e a desorganização. Os alimentos são manuseados sem proteção e animais como porcos e cachorros circulam entre as mercadorias. O lixo, que deveria ser descartado longe dos produtos, parece fazer parte da venda.

Porco fica na calçada das lojas.
(Foto: Roberta Cólen/ G1)

Os comerciantes acreditam que a falta de higiene, estrutura, organização e segurança são os principais motivos para espantar os turistas.

De acordo com Luzinete Vicente dos Santos, que vende frutas no mercado há 20 anos, é raro um turista aparecer. “Queria que os turistas viessem comprar minha mercadoria, mas a falta de estrutura e limpeza prejudica”.

Um casal de vendedores disse que paga uma taxa de R$12 por semana para a administração do mercado e não sabe exatamente em que o dinheiro arrecadado é investido. “Pagamos um tipo de imposto, mas não vemos esse dinheiro ser aplicado em nada. Queríamos trabalhar em um ambiente melhor. Temos clientes que passam meses sem vir e quando aparecem se queixam do mau cheiro”, disse Juliete Araújo.

Segundo a Secretaria Municipal do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária (Setabes), a taxa cobrada dos vendedores é referente ao IPTRU, uma concessão para utilizar um espaço da prefeitura.

O coordenador geral de fiscalização e arrecadação da Semtabes, Manoel Costa, explicou que os vendedores pagam uma quantia de acordo com o local que a banca dos produtos está instalada no mercado, pelo m² e também pelo adicional da energia elétrica. “É como se fosse um condomínio e as taxas variam muito. Até mesmo se um comerciante for fixo ou não, o preço muda”.

Ao contrário dos outros comerciantes, Juliana Carvalho, que trabalha no local há 11 anos com sua família vendendo animais, diz que atende muitos turistas argentinos, mas também reclama da estrutura. “Quando chove, a água não tem por onde escorrer e começa o mau cheiro".

Veículos estacionam em lugares proibidos no meio
do lixo.
(Foto: Roberta Cólen/ G1)

Além dos problemas administrativos, os comerciantes também dizem que a segurança é falha. Carros são assaltados com facilidade e muito motoristas estacionam em local proibido, dificultando o trânsito e a descarga dos produtos.

A reportagem do G1 esteve no Mercado da Produção à noite e registrou vários problemas, como a deficiência na iluminação pública. A penumbra atrai usuários de crack. Em algumas ruas, os cachimbos acesos são a única luz.

“Que turista se arriscaria vim por aqui? Existem estabelecimentos mais limpos e agradáveis do que o Mercado da Produção. Só frequenta o mercado quem tem o costume de vir desde criança,” disse o carregador de laranjas, que pediu para não tem o nome divulgado.

Raíssa Moreno é de Belo Horizonte (MG) e visitou o mercado pela primeira vez na semana passada. Ela disse que ficou impressionada com a 'miséria' do local. “Nunca tinha ido à um lugar tão sujo. Visitei a ala de carnes e dois homens estavam brigando com uma faca grande na mão. Não volto mais. É uma pena, porque os preços são baixos e a mercadoria parece ser boa”.

A reportagem do G1 tentou várias vezes entrar em contato com a administração do Mercado da Produção, mas ninguém estava no local.
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