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Quinta-feira, 25 de julho de 2024

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Belas da lei: cresce participação de mulheres na chefia de polícia e tribunais

As mulheres ainda não são maioria nos cargos de chefia de polícia, ministério público e tribunais, mas estão chegando perto disso. No Distrito Federal, elas ocupam 43% dos postos de trabalho no Ministério Público e promotorias, 36 % no TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios) e são um quarto dos delegados.


O levantamento foi feito pela reportagem do R7 em dados divulgados pelo Ministério da Justiça, PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal) e TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios). Na promotoria, as mulheres ocupam hoje 159 postos de trabalho no Distrito Federal. No TJDFT, dos 333 magistrados, 122 são do sexo feminino, sendo sete desembargadoras, 70 juízas e 45 juízas substitutas.

Apesar de chefiarem grandes equipes, geralmente compostas de muitos homens, as ‘belas da lei’ não deixam a vaidade de lado.

A delegada-chefe da Deam (Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher), Ana Cristina Melo Santiago, é um bom exemplo. Ela tem 43 anos e há 17 é delegada da PCDF (Polícia Civil do DF). Antes de chegar à delegacia da mulher, em novembro de 2011, chefiou a 2ª DP (Asa Norte), 11ª DP (Núcleo Bandeirante) e 27ª DP (Recanto das Emas), foi assessora do secretário de Segurança Pública do DF e também esteve na Ouvidoria e na Corregedoria da polícia.

Divorciada e mãe de uma adolescente de 15 anos, ela diz que o fato de se cuidar, se preocupar com a aparência e com a saúde é algo que ela sempre fez, independentemente do cargo que ocupa. No entanto, reconhece que por algumas vezes passou por situações constrangedoras por conta disso.

— Passei por momentos onde tive a minha situação de delegada questionada pelo fato de ser mulher, mas foram coisas que consegui resolver com uma certa facilidade. Até hoje é muito comum a pessoa procurar a delegacia, querer falar com o delegado e quando chega na minha sala se espanta. Nessas horas eu pergunto: não serve uma delegada?

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Para a promotora de Justiça do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios), Vivian Caldas, as mulheres precisam mostrar mais "capacidade no trabalho".

— A exigência é maior. Na maioria das vezes, desconfiam da nossa competência. Minha capacidade já foi colocada à prova em outros trabalhos. Precisei mostrar que eu era capaz de desempenhar bem a função.

A situação não é muito diferente para a delegada-chefe da DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), Valéria Martirena. Ela tem 39 anos, é divorciada e tem um filho. Foi casada durante muitos anos com um delegado de polícia e disse que quando entrou na corporação, em 1999, enfrentou algumas dificuldades que, aos poucos, foram se solucionando.

— No começo tive dificuldades por ser mulher. Agora a coisa está mais tranquila e estabelecida, mas muitas vezes fui desacreditada aqui. Chegou ao ponto de um policial chegar a dizer que não trabalharia com mulher. Com conhecimento e um certo jogo de cintura fui vencendo esses obstáculos.

Ela explicou que não gosta de ter a aparência de "delegada durona", mas isso não a impede de ter um espírito de liderança na hora de comandar a equipe de mais de 50 pessoas, quase todas do sexo masculino. Para Valéria, o ideal é sempre resolver os problemas com uma conversa amigável e rápida, respeito que procura levar também aos presos.

— Não destrato ninguém e cumpro o que a Constituição Federal determina de forma digna e respeitosa. Acredito que nenhum dos presos desenvolveu raiva ou rancor, porque foram tratados com dignidade. Isso é gratificante, porque de certa forma contribuo para uma sociedade melhor.

Na Corregedoria da Polícia Civil do DF, órgão que investiga condutas inadequadas dos agentes, trabalha a delegada Marialda Lima Justino da Cruz. Ela também está na corporação há 14 anos e durante oito chefiou a 8ª DP (Cruzeiro).

Com a vida bem agitada em função do cargo que ocupa na Polícia Civil, Marialda afirmou que, mesmo sendo solteira, pode contar com a ajuda de um amigo para os trabalhos de casa, uma espécie de ‘empregado doméstico’.

— Ele é meu amigo, é de confiança e trabalha comigo há muitos anos. É casado, tem filhos e faz tudo lá em casa. Faz comida, lava, passa, limpa e arruma as coisas quando estragam ou quebram. É o ‘homem da casa’.

Marialda é assessora da Corregedoria da PCDF há três anos e meio. Ela ajuda a cumprir as atribuições regimentais, abrindo processos administrativos, sindicâncias e investigações de infrações disciplinares ou crimes cometidos pelos policiais civis durante o expediente.

Ela não tem filhos e disse que leva uma vida normal fora do trabalho. Apesar de nunca desligar "o lado policial", ela garantiu que sai com as amigas e se diverte normalmente, com poucas restrições.
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