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Quinta-feira, 25 de julho de 2024

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Ciclistas fazem protesto após atropelamento na Avenida Paulista

Cerca de 90 manifestantes se reuniram na tarde deste domingo (10) na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, para protestar contra o atropelamento de um ciclista na avenida no início da manhã. Eles se concentraram na Praça do Ciclista a partir das 16h30, percorreram a Avenida Paulista até a altura do acidente e seguiram a caminho do 78º Distrito Policial, nos Jardins, onde Alex Siwek, acusado do atropelamento, presta depoimento.


Além de bloquearem quase todas as faixas da avenida no local do acidente e gritarem palavras de ordem, os ciclistas espalharam cartazes nos quais chamam o motorista de "covarde". A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) fechou a rua Estados Unidos na altura da Rua Augusta, nos Jardins, devido ao protesto dos ciclistas na delegacia.

O acidente aconteceu por volta das 5h30, quando a ciclofaixa de lazer que funciona aos domingos ainda estava desativada, e o limpador de vidros David Santos de Souza, de 21 anos, seguia de bicicleta no sentido Paraíso da via. Ele foi atingido pelo carro de Siwek, que tem 22 anos e é estudante de psicologia, que fugiu sem prestar socorro. David está no Hospital das Clínicas com estado de saúde estável, mas seu braço foi amputado no acidente.

Segundo a polícia, o motorista deixou o local com o braço da vítima e jogou o membro em um córrego na Rua Ricardo Jafet, na Zona Sul da cidade. Depois disso, ele se apresentou à polícia com seu advogado.

Ao G1, o advogado de Siwek afirmou que ele não prestou socorro à vítima porque temeu a reação de pessoas que estavam no local do acidente.

O fato aconteceu no dia seguinte a um protesto de ciclistas nus, também realizado na Avenida Paulista, que denunciava a falta de segurança e a vulnerabilidade das pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte cotidiano.

A empregada doméstica Antônia Ferreira dos Santos, de 51 anos e mãe de David, conta que esse era o caso do jovem. Neste domingo, ele saiu de casa de bicicleta para ir ao trabalho. Antônia afirmou que sugeria ao filho que fosse trabalhar de ônibus, mas ele preferia a bicicleta.

Antes do protesto na Avenida Paulista, ciclistas já teriam feito uma manifestação em frente ao 78º Distrito Policial, nos Jardins, onde o caso foi registrado.

Daniel Guth, 29 anos, que é consultor da área de mobilidade, está na delegacia desde as 11h30 para protestar. "É um absurdo o que aconteceu. Não foi um acidente, é mais uma tragédia envolvendo um ciclista", disse.

"Essa tragédia é superlativo do que acontece todos os dias com os ciclistas. Isso não é acidente. Do que sabemos, o motorista foi visto em zigue-zague na Avenida Paulista. Que tipo de cidadão é esse que arranca um braço, não presta socorro e percorre 7 km com o braço dentro do carro?", questionou a cicloativista Renata Falzoni, que é a criadora do Night Bikers Club do Brasil.

Chance de reimplante perdida

De acordo com informações do Hospital das Clínicas, para onde David foi levado após o atropelamento, ele estava consciente e seguia internado na tarde deste domingo.

Médicos informaram que o reimplante do membro seria possível caso o braço fosse encontrado. Siwek chegou a levar a polícia ao córrego, mas o membro não foi encontrado durante a busca.

A mãe de David disse que, ao visitar o filho no hospital, ouviu dele a afirmação de que ele estava na ciclofaixa quando foi atingido pelo automóvel. "Ele está muito assustado. Ele acha que está com o braço, mas sabe que não está. Espero justiça. Vamos procurar um advogado e ver o que vai acontecer. Isso vai ser uma luta muito grande para ele. Ele trabalha escalando prédios e gosta de adrenalina. Vai ser uma coisa muito ruim", afirmou.
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