Olhar Direto

Quinta-feira, 25 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Irmão de Mércia diz em júri que Mizael se transformou e ficou possessivo



O empresário e irmão de Mércia Nakashima, Márcio Massami Nakashima, foi a primeira testemunha ouvida nesta segunda-feira (11) no Fórum de Guarulhos durante o primeiro dia de julgamento de Mizael Bispo de Souza, acusado de matar Mércia em 2010. Márcio chorou durante o depoimento em que falou sobre o relacionamento de sua irmã com Mizael. Ele afirmou que Mizael tornou-se possessivo.

"No início era um relacionamento normal. Depois ele [Mizael] se transformou, virou um sujeito possessivo", afirmou. Segundo Márcio, Mizael foi o único namorado da vida de Mércia.

No depoimento que durou mais de duas horas, Márcio contou que Mércia e Mizael já haviam se desentendido muito quando trabalharam no mesmo escritório de advocacia em razão de honorários que Mizael devia. Mércia então abriu um novo escritório "Um dia Mizael chegou [no escritório novo] muito nervoso e chegou a ameaçar ela de morte", afirmou Márcio.

Márcio disse que pediu ajuda de Mizael para encontrar Mércia porque acreditava que ela tinha sido sequestrada, mas ele se recusou a ajudar. "Ele não quis me atender, mas até ai eu achei normal, porque nessa época eu já não falava com ele", disse o empresário.

Durante o depoimento, Márcio chegou a afirmar que não se conformava com a "cara de pau" dos advogados de defesa da Mizael. A defesa reclamou da postura, e o irmão de Mércia foi advertido pelo juiz Leandro Cano. O juiz chegou a pedir que a transmissão ao vivo fosse cortada.
Entenda o caso Mércia (Foto: Arte/G1)
primeiro dia de júri

FOTOS: julgamento do caso Mércia
FRASES: júri popular de Mizael de Souza
ENTENDA: relembre o crime em São Paulo
TESTEMUNHAS: saiba quem será ouvido
Mizael escreve livro na cadeia e pretende entregá-lo a júri, diz defesa
Vigia dirá no júri que desconfia de Mizael ter matado Mércia, diz defesa

Início
O júri popular do advogado e policial reformado Mizael Bispo de Souza, 45 anos, acusado de matar a advogada Mércia Nakashima, em crime ocorrido em 2010, começou por volta das 10h40. No início da sessão, o corpo de jurados foi formado com cinco mulheres e dois homens. O julgamento será o primeiro do país a ser transmitido ao vivo, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.

Mizael chegou ao fórum às 8h20 e, durante os trabalhos preparatórios para o início de seu julgamento, já sem algemas e sentado junto a advogados, chorou no plenário do Fórum de Guarulhos. Ele teve de deixar a sala por ordem do juiz Leandro Cano, à pedido do Ministério Público, para que as testemunhas do caso começassem a serem ouvidas. A mãe de Mércia, Janete Nakashima, também chorou neste momento.

O réu responde por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima). De acordo com a denúncia, Mizael matou a ex-namorada, então com 28 anos, porque ela não queria reatar o relacionamento.

O crime foi cometido numa represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, em 23 de maio de 2010, depois de Mércia desaparecer de Guarulhos. O veículo da advogada e o corpo dela foram encontrados, respectivamente, nos dias 10 e 11 de junho daquele mesmo ano, na cidade vizinha. Ela morreu afogada após ser baleada de raspão no rosto e nas mãos.

O policial reformado afirma que não estava na cena do crime e que passou a noite em que Mércia Nakashima desapareceu com uma garota de programa. A Promotoria, no entanto, diz ter provas que derrubam a versão do acusado, como o laudo que mostra que o sapato dele tinha alga compatível com as da represa de Nazaré.

Chegada
Desde cedo dezenas de jornalistas estão em frente ao Fórum de Guarulhos. Ruas do entorno foram bloqueadas. Manifestantes seguram faixas pedindo a condenação ou a absolvição de Mizael.

Perto das 8h30 chegaram os familiares de Mércia. O pai da vítima, Nakoto Nakashima, estava acompanhado do filho Márcio e da ex-mulher, Janete Nakashima, mãe de Mércia. "É um momento muito difícil. A família não esperava passar por isso", disse Nakoto, de 62 anos. Márcio disse que não gostaria de encontrar com Mizael.

O irmão de Mizael, Adão de Souza, também chegou antes das 9h, horário inicialmente previsto para o início do julgamento. Ele disse ter certeza de que o réu será inocentado. Um dos advogados de Mizael, Ivon Ribeiro, afirmou que Mizael está tranquilo e confiante.

A expectativa é que o julgamento dure cinco dias. Após a escolha dos jurados, são colhidos os depoimentos das testemunhas. Em seguida, o réu será interrogado. Depois, tem início a fase de debates. O promotor Rodrigo Merli Antunes e o assistente da acusação, Alexandre de Sá Domingues, advogado contratado para defender os interesses da família Nakashima, irão apresentar aos jurados o que consideram ser as provas de que Mizael matou Mércia. Deverão ser exibidas fotos e vídeos da vitima em vida e de quando foi encontrada morta. A gravação que mostra o réu batendo na mesa durante um interrogatório também deverá ser usada.

A defesa também apresentará seus argumentos. No final, os jurados se reúnem na sala secreta para decidir se absolvem ou condenam o réu. A sentença caberá ao magistrado.

O vigia Evandro Bezerra Silva, que também é réu do caso, só será levado a julgamento no dia 29 de julho. Seu advogado, Aryldo de Paula, esteve no Fórum de Guarulhos nesta segunda, mas teve seu pedido para participar da audiência indeferido pelo juiz. "Eu entendo que é perfeitamente cabível minha presença dentro do plenário até para evitar o excesso de acusação. Podem surgir fatos neste plenário que podem prejudicar meu cliente e estarei ali para contradizer essas versões", justificou. O defensor disse que vai apresentar um pedido de habeas corpus para a desembargadora Angélica de Almeida, relatora do caso, para participar do plenário.

Provas da acusação contra Mizael:
ANTENA DE CELULAR – Laudo mostra que foram feitas pelo menos seis ligações para o celular de Mizael. Exame identifica que, pelas Estações Rádios Bases (ERbs) é possível indicar que o ex-namorado de Mércia estava perto saindo de Nazaré Paulista e indo para Guarulhos perto do horário em que a vítima foi morta em 23 de maio de 2010.

O que diz a defesa - alega que nesse dia as ERBs estavam congestionadas e deslocaram a chamada para o telefone de Mizael para outras antenas mais distantes.

RASTREADOR DO CARRO – laudo demonstra que Mizael circulou ao redor da casa de Mércia e que veículo dele ficou parado das 18h37 às 22h12 no estacionamento de um hospital em Guarulhos no horário do crime. Para a acusação, o ex havia ido com Mércia no carro dela para Nazaré nesse horário.

O que diz a defesa: alega que Mizael estava com uma garota de programa nesse horário e que o rastreador estava com problema.

ALGA NO SAPATO – Biológo detectou que alga achada no sapato de Mizael é compatível com a encontrada no fundo da represa de Nazaré Paulista, onde Mércia foi morta.

O que diz a defesa: a alga existe em qualquer lugar úmido. Portanto não dá para concluir que seja exclusiva da represa.

SANGUE NO SAPATO – Exame não é conclusivo para saber de quem é material genético, mas indica que a substância é humana.

O que diz a defesa: resultado é inconclusivo.

PARTÍCULAS DE OSSO NO SAPATO E CARRO – estilhaços de material que seria osso humano foram achados no calçado e veículo de Mizael. Quando Mércia foi baleada, teve fratura nos ossos da face e da mão.

O que diz a defesa: resultado é inconclusivo.

PARTÍCULAS DE LATÃO NO SAPATO E CARRO – parte de material metálico, que seria de bala, foi encontrada no calçado e veículo de Mizael. Acusação suspeita que seja parte das balas que atingiram Mércia.

O que diz a defesa: resultado é inconclusivo.

Os advogados Samir Haddad Júnior e Ivon Ribeiro, que defendem Mizael, contestam as provas apresentadas pela acusação. “Não há nada no processo que coloque Mizael na cena do crime”, disse Haddad Júnior. "E isso será provado diante dos jurados".

Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet