Ontem, Luciene Silva, de 47 anos, compartilhou a dor que sente há oito anos, desde que viu estampado na capa de um jornal local de Nova Iguaçu o rosto do filho Raphael Silva Couto, de 17 anos.
A vendedora Silvânia Azevedo, de 35 anos, também reviveu a noite em que viu o irmão Renato Azevedo, de 30, morto na porta do lava a jato onde trabalhava, em Queimados. A partir das 15h, uma caminhada será realizada na Via Dutra em memória à Chacina da Baixada — a maior do estado e que deixou 29 vítimas.
Luciene e Silvânia são as únicas familiares das vítimas que continuam lutando contra o extermínio de jovens. Da tragédia, nasceu uma amizade.
— Na época, cada um foi cuidar da sua vida. Ficamos só nós duas. Muitos achavam $, pelo fato de os culpados estarem condenados, tinha acabado. Mas na minha cabeça, não. Isso continua acontecendo, só que numa proporção menor — explica Luciene, que integra hoje a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência.
‘Faço parte da dor’
Ainda muito abalada pela perda do irmão, Silvânia diz que não tem estrutura para participar de movimentos, mas reúne forças toda vez que a chacina é lembrada.
— Não integro movimento, mas faço parte da dor. Na Baixada, participo de atos — afirma ela.
A concentração da caminhada foi na Via Dutra, na altura da Besouro Veículos, em Nova Iguaçu. O grupo refez o caminho dos assassinos, colocando flores nos locais onde cada pessoa foi assassinada. Depois será celebrada uma missa na Sagrada Família, na Posse.