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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

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Sobrevivente da Kiss já estuda em casa, depois de 78 dias internada

Aos poucos, a estudante Kelen Giovana Leite Ferreira, 19 anos, vai retomando a rotina de antes do incêndio na Boate Kiss. Claro que ela não é a mesma pessoa que entrou na casa noturna de Santa Maria (RS) na véspera do dia 27 de janeiro. Além das sequelas físicas – Kelen teve 18% do corpo queimado e teve de amputar parte da perna direita –, a tragédia é uma experiência que nunca mais vai esquecer.


Mesmo depois de tudo o que passou, ela não desistiu de tocar a vida adiante. “Muita gente achou que, por causa da amputação, eu não ira seguir estudando. Eu tinha duas opções: seguir adiante ou ficar em cima de uma cama. Escolhi a primeira. Quero me formar. Vou poder ajudar muita gente com a terapia ocupacional. Quem saiu dessa vai poder ajudar muita gente de várias formas”, diz Kelen.

A estudante de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está morando com os pais, em Alegrete, na Fronteira Oeste. A rotina de consultas ainda é pesada. Em Santa Maria, ela faz um trabalho de recuperação com professoras de seu curso. Ela ainda tem de ver especialistas em Alegrete e Porto Alegre. A lista de profissionais que a atende tem fisioterapeuta, fisiatra, cirurgião plástico, psicóloga e psiquiatra.

Kelen está podendo cursar Terapia Ocupacional a distância por conta do material enviado pelos professores da UFSM. Disciplinadamente em casa, ela responde questões e faz leituras. Em setembro, quando o segundo semestre de aulas de 2013 começar, Kelen pretende freqüentar as aulas novamente. Para isso, ainda depende que uma prótese para a perna amputada fique pronta. “Sem a prótese fica difícil andar da sala de aula para a biblioteca, da biblioteca para o RU (Restaurante Universitário). Além disso, não posso pegar nada de sol”, afirma Kelen, que tem usar malhas por causa das queimaduras pelo corpo.

A jovem passou 78 dias internada no Hospital de Clínicas em Porto Alegre, 15 deles em coma. Ela tinha sido uma das primeiras a ser retirada da Kiss e foi levada para o hospital em um carro particular, antes de bombeiros e ambulâncias chegarem.

A estudante foi levada de Santa Maria para Porto Alegre no mesmo dia da tragédia, no primeiro avião que saiu da Base Aérea, por conta de sua condição crítica. A alta veio no dia 15 de abril. Na mesma semana, ela fez uma visita aos colegas de curso no campus da UFSM.

Kelen, que era frequentadora assídua da Kiss, tinha ido à boate com duas amigas, Juliana Oliveira dos Santos e Lauriani Salapata, e depois encontrou outras duas parceiras que estavam trabalhando na casa noturna, Gabriele Stringari e Cristiane Quevedo da Rosa. Só Kelen e Gabriele se salvaram.

Kelen foi retirada de dentro do inferno graças à ajuda de Gustavo Riet, 34 anos, que ela nem conhecia. Aliás, ela só reconheceu seu salvador depois que viu na TV uma entrevista que ele deu para um documentário.

Agora em casa, Kelen está feliz por ter recebido o carinho de muita gente e por poder contar com o apoio da família. Ela já passou pelo pior, mas não quer que o que aconteceu fique impune. “Eu também quero justiça. Se não for feita pelos homens, vai ser feita por Deus. O que tiver que ser, vai ser. Mas uma coisa é certa: quem tem dinheiro não vai ficar preso. E isso eu não acho certo”, argumenta Kelen.
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